terça-feira, 2 de agosto de 2011

Parte do grupo Schincariol quer evitar negociação com empresa japonesa

A empresa japonesa de bebidas Kirin que anunciou a compra do controle da cervejaria brasileira Schincariol, em um negócio de R$ 3,95 bilhões por 50,45% das ações da empresa, já enfrenta as primeiras divergências na negociação.

A japonesa comprou a totalidade das ações da Aleadri-Shinni Participações, dos irmãos Alexandre e Adriano Shincariol, presidente da empresa. Entretanto, uma parte da família, liderada por Gilberto e José Augusto Schincariol e detentora dos 49,55% restantes, não está satisfeita com a negociação por acreditar ter o direito de preferência na compra das ações da Aleadri-Schinni, segundo publicou a "Folha de S. Paulo".

O grupo minoritário contratou o escritório de advocacia Teixeira, Martins & Advogados, de Roberto Teixeira, compadre do ex-presidente Lula, para entrar com ação para tentar a anulação do negócio.

O grupo Schincariol tem a segunda maior operação de cervejas do Brasil, com faturamento bruto de R$ 6 bilhões no último ano, tendo cerca de 10,97% de participação, atrás da gigante AmBev (69,23%), de acordo com dados da consultoria Nielsen de fevereiro.

Os irmãos Adriano e Alexandre tentaram passar as ações a frente com negociações com a Heineken e SABMiller, mas foram frustrados pela oposição dos primos. Eles chegaram a fazer uma oferta, que foi superada pela da Kirin.

A Kirin mantém suas operações concentradas na Ásia (Japão, China, Taiwan, Vietnã, Tailândia, Cingapura e Filipinas) e na Oceania, tendo faturamento de US$ 27 bilhões no último ano. No Brasil, a Kirin tem linhas de saquê e molho de soja. "Estamos convencidos das oportunidades que a Schincariol e o mercado brasileiro oferecem. Com nossa experiência no desenvolvimento de produtos e nossa expertise em tecnologia, pesquisa e marketing, pretendemos acelerar o crescimento do Grupo Schincariol e ampliar a presença de suas marcas", disse Hirotake Kobayashi, diretor-executivo da Kirin, em comunicado.

Dona das marcas de cerveja Nova Schin, Devassa, Glacial, Baden Baden e Eisenbahn, além de linhas de sucos, águas e refrigerantes, o grupo Schincariol possui 13 fábricas e 10 mil funcionários. A empresa registrou um lucro antes de juros e impostos (Ebitda) de cerca de R$ 500 milhões no ano passado. "Estou feliz com essa operação porque a Kirin tornará a Schincariol mais forte e será o sócio ideal para a família, que permanece na operação, garantindo valor ainda maior para as marcas do grupo", disse Adriano Schincariol, em um comunicado.

O banco BTG Pactual coordenou a operação pelo lado da Aleadri-Schinni e o Citi, pelo lado da Kirin.

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