terça-feira, 30 de agosto de 2011

Cerca de 70% de crianças e adolescentes envolvidas com bullying sofrem castigo corporal

Uma pesquisa feita com 239 alunos de ensino fundamental em São Carlos (SP) mostra que cerca de 70% das crianças e adolescentes envolvidos com bullying (violência física ou psicológica ocorridas repetidas vezes na escola) nos colégios sofrem algum tipo de castigo corporal em casa. A pesquisa foi feita pela pesquisadora Lúcia Cavalcanti Williams, da Universidade Federal de São Carlos.

Dos alunos entrevistados, 44% haviam apanhado de cinto da mãe e 20,9% do pai. Outros tipos de violência como tapas no rosto, também foram relatados. "As nossas famílias são extremamente violentas. Depois, a gente se espanta de o Brasil ter índices de violência tão altos", disse Lúcia. Ela participou de audiência pública na Câmara dos Deputados que debateu projeto de lei que tramita na Casa e que proíbe uso de castigos corporais ou tratamento cruel e degradante na educação de crianças e adolescentes.

Lúcia ressaltou que meninos vítimas de violência severa em casa tem oito vezes mais chances de se tornar vítimas ou autores de bullying.

Para a secretária executiva da rede "Não Bata, Eduque", Ângela Goulart, a sociedade banalizou a violência. Ela falou sobre diversas entrevistas feitas pela rede com pais de crianças e adolescentes e, em vários momentos, frases como "desço a cinta" e "dou umas boas cintadas" apareceram. "Existem pais que cometem a violência sem saber. Acham que certas maneiras de bater, como a palmada, são aceitáveis", disse.

No mundo, 30 países têm leis que proíbem castigos na educação de crianças e adolescentes, entre eles a Suécia e a Alemanha. Para o pesquisador da Universidade de São Paulo, Paulo Sérgio Pinheiro, a lei é uma forma de o Estado educar os pais.

Os pesquisadores sugeriram a "reforma legal" como forma de diminuir os índices de violência contra crianças e adolescentes. O projeto contaria com a criação de leis que proíbam esse tipo de violência, a divulgação de campanhas nacionais e a participação infantil, com crianças sendo encorajadas a falar sobre assuntos que os afetam. Pinheiro destacou ainda que a principal reclamação das crianças é o fato de que elas não aguentam mais serem espancadas pelos pais.

Com informações da Agência Brasil

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