BELO HORIZONTE (01/08/2011) – Em Minas Gerais, a carne de bovinos submetidos a confinamento começa a chegar ao mercado neste mês. Mas a produção por meio desse sistema, no Estado, prossegue até dezembro para garantir a oferta da carne de 200 mil animais durante o período de seca, segundo avaliação da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
“O confinamento consiste em manter os animais em piquetes ou currais, onde recebem ração e água”, explica José Alberto de Ávila Pires, coordenador estadual de Bovinocultura da Emater-MG, vinculada à Secretaria. “Adotado em Minas há cerca de trinta anos, o sistema substitui a estocagem de carne congelada, que era mantida pelo governo federal em décadas passadas, na entressafra do boi.”
Segundo Ávila Pires, o número de bois confinados em Minas Gerais equivale a cerca de 7% do total registrado no país nas mesmas condições. “Levantamento realizado pela Emater mostra que o custo da engorda do gado confinado em Minas, no período de 70 dias, foi de R$ 70,00 por arroba, enquanto a cotação do produto no Estado está próxima de R$ 100,00 a arroba”, acrescenta.
Ávila Pires observa que as vendas atuais ajudam na recomposição da renda do produtor diante da redução do preço da carne bovina. No primeiro trimestre de 2011, a cotação do produto, no Estado, alcançou R$ 100,00 e no segundo trimestre o preço caiu por causa da grande oferta de bois. “O mercado começou a mostrar recuperação com o início do período de frio e pastos secos, um cenário marcado pela menor oferta de carne”, ressalta o coordenador.
Ele ainda observa que os pecuaristas mineiros têm a expectativa de boas condições para prosseguir com a engorda dos bois, agora com a previsão de uma safra, no Estado, de 6,4 milhões de toneladas de milho, volume cerca de 6% superior ao registrado no ano passado. Ávila Pires enfatiza que o grão responde por 80% da composição da ração para o gado confinado.
O pioneiro de Frutal
O produtor Adalberto José de Queiroz, de Frutal (Triângulo Mineiro), está iniciando mais uma etapa do confinamento de seu gado de corte, desta vez com cerca de 12 mil cabeças, e para 2012 está programada a destinação de 40 mil animais. Um dos pioneiros do confinamento no Brasil, ele utiliza essa alternativa de manejo do gado desde 1979, ano em que o sistema foi lançado no país a partir de Minas Gerais.
No primeiro ano, Queiroz confinou apenas cem bois, com o objetivo de utilizar como alimento dos animais uma parte da cana plantada na propriedade para atender ao Programa Nacional do Álcool (Proálcool). “Desistimos de participar do programa do álcool diante da falta de energia elétrica para montar uma usina e, com o início do confinamento, resolvemos o problema de utilização da cana, garantindo assim a engorda bois sem interrupção no período de pastagem escassa ou inexistente”, explica o produtor.
A experiência, segundo o pecuarista, foi bem-sucedida. No ano seguinte Queiroz aumentou o número de animais confinados para 1 mil e a escalada continua, agora com a ajuda de três filhos, todos engenheiros agrônomos, que facilitam também a agregação de tecnologia a outros segmentos da produção da fazenda.
De acordo com Queiroz, “o custo-benefício do confinamento mostra que esta é uma boa alternativa principalmente para os criadores que podem produzir em escala, isto é, trabalhar com a engorda de um grande volume de animais para obter renda inclusive nos períodos de baixa cotação da carne”.
Produção familiar
Pecuaristas que dispõem de pequenos rebanhos também estão adotando o sistema de confinamento dos animais com a perspectiva de obter renda para expandir a atividade e melhorar a renda. É o caso de Emílio Giaretta, que introduziu o sistema em 2011 na Fazenda dos Martins, localizada em Córrego do Gordura, no município de Uberlândia (Triângulo Mineiro). De acordo com Daniel Marçal, filho do proprietário, desde junho um lote de 70 animais resultantes de cruzamento entre Nelore e Gir recebe no curral a silagem produzida na propriedade de acordo com uma programação que deverá possibilitar o acréscimo de quatro arrobas por animal no período de até 60 dias.
Daniel diz que o custo de produção é mantido sob controle porque uma parte dos componentes da ração é produzida na propriedade. “A arroba do boi gordo na região tem a cotação média de R$ 95,00, sendo o custo de produção da ordem de R$ 60,00”, explica. Segundo o pecuarista, a fazenda ainda conta com um lote de 60 animais que já estão na agenda para serem confinados em 2012.
Pecuária forte
Minas Gerais, segundo maior rebanho bovino do país, atrás do Mato Grosso, tem 22,4 milhões de cabeças ou 10,9% do total brasileiro, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A estimativa para este ano é de uma produção de 1 milhão de toneladas de carne bovina no Estado, em função do abate anual de 20% do rebanho, de acordo com cálculos de Ávila Pires.
Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Assessoria de Comunicação Social - Jornalista responsável: Ivani Cunha
Telefone: (31) 3915-8544 - www.twitter.com/agriculturamg
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