Os deputados Luiz Carlos (AP) e Reinaldo Azambuja (MS) cobraram nesta terça-feira (29) fiscalização e transparência na aplicação e transferência de recursos federais nas áreas de saúde e educação. Os tucanos consideraram absurda a falta de controle com o destino das dotações dos setores que, segundo admitiu o ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, tem a pior fiscalização. Falhas apontadas pelo jornal “O Globo” nesta semana já haviam sido alertadas pela CGU em 2009, mas o governo não tomou as providências propostas pelo órgão. Mais de R$ 660 milhões podem ter sido desviados em quatro anos, de acordo com investigações da CGU e do Ministério da Saúde

“Como ter um serviço de saúde adequado se o recurso não chega onde deve? Como cobrar do médico ou do professor o atendimento de qualidade se ele não tem a contrapartida do seu trabalho de maneira justa e transparente?”, questionou o parlamentar.
De acordo com Jorge Hage, a saúde tem a pior fiscalização do governo devido ao controle “absolutamente insuficiente” das transferências para estados e municípios.
As mesmas falhas contaminariam o também bilionário orçamento da educação. O ministro-chefe da CGU afirmou que falta transparência no Ministério da Saúde e anunciou um plano de ação para conter o rombo nos cofres públicos. Segundo ele, a dimensão do país, a fragilidade do controle e a capilaridade dos repasses impedem que se dimensione o volume de dinheiro desviado. De acordo com levantamento feito pelo jornal “O Globo”, apenas 2,5% das transferências do setor são fiscalizadas.

Os deputados acreditam que as propostas feitas pela CGU, em julho de 2009, precisam ser adotadas para sanar os problemas e garantir a correta aplicação dos recursos. A controladoria propõe a criação de um portal capaz de unificar informações cadastrais de médicos, hospitais, clínicas e prefeituras. Os registros seriam confrontados com a execução física e financeira dos projetos. Hoje, o dinheiro que sai da conta do estado ou do município pode passar por diversas outras contas intermediárias até chegar ao destino final: o prestador de serviços ou a pessoa física contratada. O ideal, segundo Haje, é que o dinheiro seja transferido diretamente para não dar margens a desvios.
O descontrole ultrapassa as transferências fundo a fundo e atinge as informações prestadas por estados e municípios ao ministério. Um médico com 14 vínculos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) disse ao jornal O GLOBO que, há dois anos, telefonou ao ministério para denunciar o uso irregular de seu nome por um hospital, mas nenhuma providência teria sido tomada.
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