Corinthians ameniza crise ao bater o líder Palmeiras no Pacaembu

Em jogo tenso, Alessandro fez o gol da vitória do Corinthians















O Corinthians entrou em campo neste domingo, para a disputa do clássico diante do Palmeiras, no Pacaembu, bastante pressionado em decorrência da eliminação precoce na Taça Libertadores. Mas um gol do lateral Alessandro aos 37 minutos do segundo tempo aliviou a situação do elenco alvinegro e do técnico Tite.


A vitória por 1 a 0 sobre o rival promete trazer um pouco de tranquilidade ao time de Parque São Jorge, que sofreu bastante durante a semana com ameaças e protestos da torcida. De quebra, o Corinthians entra no G-8 e acaba com a invencibilidade do Palmeiras no Campeonato Paulista.

Mesmo com a derrota, o Palmeiras segue na liderança da competição, com 16 pontos. Já o Corinthians chega aos 9 pontos na tabela, conquistando a sua segunda vitória.

O clássico deste domingo teve pouca técnica e muita vontade. Os jogadores chegaram até a exagerar em determinados momentos e o árbitro teve trabalho para conter os ânimos mais exaltados. Kléber e Alessandro - herói da vitória corintiana - se estranharam durante boa parte do jogo, e o palmeirense ainda reclamou bastante do corintiano, que teria provocado a torcida rival ao anotar o gol do duelo.


O Corinthians voltará ao Pacaembu na quarta-feira, para tentar acalmar definitivamente seus torcedores com um bom resultado contra o Ituano. Por sua vez, o Palmeiras só atuará no próximo sábado, também no estádio municipal, contra o Americana.

O jogo
Os jogadores do Corinthians pareciam evitar olhar para as arquibancadas do Pacaembu quando entraram em campo. No setor destinado aos palmeirenses, havia uma bandeira da Colômbia, em homenagem ao Tolima, e até um mosaico para ironizar a eliminação na pré-Libertadores, com a inscrição: "Ha ha ha". Entre os corintianos, alguns ainda estavam revoltados pela queda precoce no torneio continental.

A ordem do técnico Tite, à beira do gramado, era para o time tentar deixar os problemas fora do Pacaembu - por mais que os gritos da torcida do Palmeiras fizessem questão de lembrar o rival da crise. Com faixas pretas nos braços, em luto pelo falecimento de William Morais (emprestado ao América-MG, o jovem jogador foi assassinado em Belo Horizonte), o time visitante formou uma roda em campo para também cobrar atenção exclusiva ao clássico.

Logo aos dois minutos, o Palmeiras mostrou que o Corinthians realmente precisava estar focado. O atacante Kleber ajeitou a bola para o meio-campista Tinga, que chutou forte. Um dos poucos atletas poupados da ira dos corintianos, o goleiro Julio Cesar fez bela defesa e pediu para a sua equipe reagir.

O meio-campo corintiano atendeu ao apelo. O volante Jucilei apareceu livre de marcação dentro da área do Palmeiras, mas chutou em cima do goleiro Marcos, ovacionado por sua torcida por causa da intervenção. A partir de então, as duas equipes passaram a se alternar no ataque.

O Palmeiras foi mais incisivo em suas investidas. Aos 24, por exemplo, Kleber desviou para trás uma cobrança de falta de Marcos Assunção e quase abriu o placar. A oportunidade do zagueiro Maurício Ramos, completando 100 jogos pelo clube neste final de semana, foi ainda melhor: ele ficou à frente do gol, sem goleiro, e inacreditavelmente bateu para fora. Torcedores levaram as mãos à cabeça para lamentar. Um senhor até duvidou do que havia visto: "O que aconteceu? Foi isso, mesmo?".

A pressão do Palmeiras aumentou o nervosismo dos jogadores do Corinthians. O lateral direito Alessandro não se conteve e discutiu com Luan e Kleber, em meio a palavrões, porém não foi advertido com o cartão amarelo. Os palmeirenses não deixaram o adversário impune. "Timinho! Timinho! Timinho!", gritaram.

Nos minutos finais do primeiro tempo, o Palmeiras ficou ainda mais ofensivo. Kleber, aos 46, obrigou o goleiro Julio Cesar a fazer uma defesa com os pés. O goleiro ainda espalmou uma cobrança de falta do sempre perigoso Marcos Assunção em seguida. Assim que o árbitro encerrou a etapa inicial, ele se ajoelhou no gramado e ergueu as mãos aos céus para agradecer por não ter sido vazado.

O intervalo despertou os protestos dos torcedores do Corinthians, que haviam dado uma trégua ao time até então. Enquanto Tite e seus comandados reclamavam do árbitro, o público avisava que é preciso "ser homem para jogar no Coringão" e pedia a saída do presidente Andrés Sanchez. Quem deixou o campo no segundo tempo foi o lateral esquerdo Fábio Santos, substituído por Marcelo Oliveira.

Palmeiras e Corinthians diminuíram o ritmo no início da etapa complementar. Em seu 300º jogo pelo time que levou ao título da Libertadores em 1999, Luiz Felipe Scolari entrou em ação e colocou Patrik e Adriano nos lugares de Dinei e Tinga. Tite também não esperou muito para mexer em seu ataque, com o recém-contratado Willian na vaga de Edno.

O clássico ficou mais movimentado depois das alterações. Enquanto o Corinthians apostava nas jogadas de bola parada, o Palmeiras tentava chegar ao gol através da velocidade. Mas nenhum dos times criou uma grande chance para marcar.

Tite deu a sua última cartada com Morais no lugar de Cachito - naquele instante, o ex-titular Bruno César se irritou no banco de reservas e acenou negativamente com a cabeça. Coincidentemente, contudo, o Corinthians conseguiu abrir o marcador logo depois da mudança. Aos 37 minutos, Alessandro invadiu a área do Palmeiras e concluiu na saída de Marcos. Nos acréscimos, Julio Cesar ainda operou um milagre para sacramentar a vitória e a reação corintiana.

FICHA TÉCNICA:PALMEIRAS 0 X 1 CORINTHIANSLocal: Estádio do Pacaembu, em São Paulo (SP)
Data: 6 de fevereiro de 2011, domingo
Horário: 17 horas (de Brasília)
Árbitro: Antonio Rogério Batista do Prado
Assistentes: Rafael Ferreira da Silva e Maiza Teles Paiva
Assistentes adicionais: Luiz Flavio de Oliveira e Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza
Cartões amarelos: Tinga, Patrik (Palmeiras). Leandro Castán, Alessandro (Corinthians)
Público: 23.714 pagantes
Renda: R$ 678.111,00
GOL: CORINTHIANS: Alessandro, aos 37 minutos do segundo tempo

PALMEIRAS: Marcos; Cicinho, Maurício Ramos, Thiago Heleno e Rivaldo (Max Santos); Marcos Assunção, Márcio Araújo, Tinga (Adriano) e Luan; Kleber e Dinei (Patrik)
Técnico: Luiz Felipe Scolari

CORINTHIANS: Julio Cesar; Alessandro, Chicão, Leandro Castán e Fábio Santos (Marcelo Oliveira); Ralf, Jucilei, Danilo e Cachito Ramírez (Morais); Jorge Henrique e Edno (Willian)
Técnico: Tite

Por ESPN