quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Briga entre clubes pode atrapalhar transmissão de partidas do Brasileiro

VIPCOMMPresidente flamenguista está de olho numa fatia maior das cotas de televisão













A saída do Corinthians e do Flamengo do Clube dos 13, por questões relativas à distribuição das cotas de transmissão televisiva do Campeonato Brasileiro, pode ter consequências muito mais sérias do que se pensa. Apoiados até o momento por Vasco, Botafogo, Fluminense e Coritiba, os clubes defendem a negociação individual por cada equipe, contrariando o modelo atual, que prevê negociações coletivas.

Curiosamente, o modelo que os rebeldes pretendem adotar está sendo abandonado por todos os países europeus, pois a deformação causada pela diferença de cotas acabou desvalorizando o campeonato como um todo - o Campeonato Espanhol hoje tem valor de mercado inferior à Bundesliga, e muito disso se deve ao fato de Barcelona e Real Madrid, negociando sozinhos, conseguirem quase a mesma quantia que os outros 40 clubes espanhóis da primeira e segunda divisão.

A Itália decidiu abandonar o modelo individual para a temporada 2011-12, e a Espanha pretende usar o mesmo modelo a partir da temporada 2012-13. Inglaterra e Alemanha possuem formas de negociação que visam a eliminar diferenças, tornando os campeonatos mais competitivos.

Voltando ao assunto principal: no que essa briga entre os clubes brasileiros pode afetar o torcedor?

Considerando o cenário atual, temos duas divisões de clubes - do lado do Clube dos 13, defendendo negociações coletivas, estão São Paulo, Internacional, Atlético-MG, Atlético-PR, Santos e Bahia. Do lado de Andrés Sanchez, defendendo negociações individuais, temos Corinthians, Flamengo, Vasco, Botafogo, Fluminense e Coritiba. Ainda restam oito clubes indecisos - os grandes Cruzeiro, Palmeiras e Grêmio, além dos cinco clubes excluídos do C13: Avaí, Figueirense, Ceará, Atlético-GO e América-MG.

O que isso quer dizer? Para Flamengo e Corinthians, negociar de forma individual significa a possibilidade de maiores ganhos, pois são clubes que detêm a maior parcela da massa consumidora. Difícil é entender a posição de Botafogo e Fluminense, que correm sério risco de serem esmagados pelos dois gigantes líderes da revolução. Mais difícil ainda é entender a postura do Coritiba, que ganharia cerca de R$ 26 milhões pelas transmissões no contrato do C13. Será que os dirigentes do clube paranaense realmente acreditam que farão mais dinheiro sozinhos? Há alguma coisa estranha nesse apoio...

Sobre as transmissões, vamos considerar uma hipótese: a Globo acerta, isoladamente, com oito clubes rebeldes (supondo que dois outros times abandonem o C13). A Record acerta com o C13, que consegue manter onze equipes. O primeiro impacto será no valor da competição - nenhuma emissora vai pagar uma quantia grande por um torneio "fatiado". A Globo somente poderá transmitir partidas dos seus parceiros, o mesmo acontecendo para a Record. Para ter um Flamengo x São Paulo, por exemplo, haveria a necessidade de negociações entre Globo e São Paulo, entre Record e Flamengo e entre Globo e Record. Qualquer falha, e o jogo não terá transmissão.

Caso tenhamos a negociação de oito clubes com a Globo e doze com a Record, teremos, dos 380 jogos do campeonato, apenas 188 transmitidos - as outras 192 partidas envolveriam times dos dois lados.

Mas ainda vai rolar muita água por baixo dessa ponte. O importante é saber o que poderá atingir a nós, torcedores.Redação POP

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