segunda-feira, 19 de abril de 2010

Os heróis brasileiros

Diante das diversas invasões de terras que, como a imprensa tem divulgado, estão ocorrendo no país, promovidas pelos irresponsáveis que comandam o MST e que continuam se escondendo por trás de uma entidade oficialmente inexistente, comecei a pensar sobre a produção rural como um todo, a desfiar o emaranhado, a teia de aranha, em que se encontram os produtores rurais brasileiros para poder produzir, tantas são as regras, as exigências impostas.

A rastreabilidade bovina, o georeferenciamento das propriedades e da reserva legal, a averbação da reserva legal nas matrículas dos imóveis, as reservas permanentes, o meio ambiente, a exigência de fechamento dos bebedouros dos animais nas margens dos rios, a degradação das terras, as exigências trabalhistas, as exigências das moradias dos funcionários, as invasões de terras, a reforma agrária realizada de modo criminoso, o Grau de Utilização da Terra, GUT, o Grau de Eficiência na Exploração, GEE, as demarcações de áreas para as comunidades indígenas e quilombolas, enfim, a lista é enorme.

Quando se fala, então, em “cumprimento da função social” pela propriedade, que é justamente um dos itens a serem cumpridos para que a propriedade não seja desapropriada para fins de reforma agrária, a lei é tão subjetiva que, nas atuais vistorias realizadas, os fiscais estão analisando até o tamanho das janelas das moradias dos funcionários para determinar se as mesmas promovem ventilação adequada, caso contrário o funcionário estaria trabalhando em condições indignas, o que pode enquadrar a propriedade na lei do trabalho escravo e a mesma será expropriada.

A imprensa divulgou informações sobre um produtor rural que foi multado e obrigado a rescindir o contrato de trabalho com todos os seus funcionários, que estavam legalmente registrados, e indenizar seus direitos, pois os mesmos não possuíam “água potável” para consumir durante o trabalho. Como, naquele momento, estavam construindo uma cerca no meio do mato, na Floresta Amazônica, longe de qualquer casa, construíram barracas de lona para dormir durante as noites que durasse aquele trabalho e, por esse motivo, o proprietário também foi enquadrado como praticante de trabalho escravo.

Os fiscais exigiam que, no meio do mato da Amazônia, fossem instalados banheiros e acomodações “dignas”, mesmo que as mesmas tivessem de ser desmanchadas na semana seguinte, quando aquele trabalho já haveria terminado, pois estavam construindo uma cerca de divisa entre propriedades.

Além do caos promovido no meio rural, essas exigências têm um custo financeiro, nunca levado em consideração pelos parlamentares, autores dessas leis.

Mesmo com tudo isso o governo divulgou, recentemente, dados sobre a economia brasileira no ano de 2009, que mostram que o agronegócio foi o responsável por 42%, isso mesmo, quarenta e dois por cento, de toda a exportação brasileira, mesmo com o governo fazendo de tudo para atrapalhar, com as absurdas imposições descritas acima.

Assim, em seu próximo churrasco, quando tomar sua próxima cerveja, lembre-se que por trás dela existe um herói, chamado produtor rural, que criou o gado cuja carne você estará saboreando, que plantou a cevada para a produção da cerveja, gerou empregos nas fábricas de cerveja, nos frigoríficos, nas transportadoras, nas distribuidoras, nos bares, açougues, nos restaurantes e nos supermercados que vendem esses produtos.

Gerou também os empregos para aquela loirinha e sua turma que fizeram a propaganda da cerveja, para os funcionários dos canais de televisão que a transmitiram e das agências de publicidade que a criaram.

Ah, não se esqueça também que o papel onde você aprendeu a ler e escrever e onde este artigo está escrito foi fabricado com o eucalipto plantado por um produtor rural, além, é claro, do leite, do pão, do café e das frutas com as quais você se alimentou ao se levantar.

Autor:João Bosco Leal
www.joaoboscoleal.com.br

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