Nascia em 1976, no Rio de Janeiro, Ronaldo Luíz Nazário de Lima. O que ninguém sabia: surgia um Fenômeno, uma pessoa que mudou a história do futebol brasileiro. De infância pobre, quando adolescente, chegou a tentar treinar no Flamengo, mas acabou desistindo por não ter dinheiro para pagar o ônibus até a sede do clube. Com isso, acabou indo para o São Cristóvão, que pagou seu transporte e despesas. De lá, o jogador foi comprado por US$ 7.500 pelos empresários Reinaldo Pitta e Alexandre Martins.
Dois clubes perderam a chance de ficar com o Fenômeno: o Botafogo e o São Paulo recusaram a proposta dos empresários, e com isso Ronaldo foi parar no Cruzeiro, que se convenceu com as atuações do atacante no Sul-Americano Sub-17 de 1993, no qual ele foi artilheiro, em uma equipe que acabou apenas em quarto lugar e fora do Mundial. No Cruzeiro, estreou aos 16 anos, e foi o destaque do time no Campeonato Brasileiro, quando chegou a marcar cinco gols contra o Bahia, em um deles humilhando o goleiro adversário, o uruguaio Rodolfo Rodríguez. No ano seguinte, seguiu destacado no Cruzeiro, e acabou transferido para o PSV Eindhoven da Holanda, por US$ 6 milhões, pouco antes da Copa de 1994, quando fez parte do elenco tetracampeão, embora sem ter entrado em campo.
Na Holanda, Ronaldo novamente brilhou, com 67 gols em 71 partidas. Artilheiro do Campeonato Holandês com 12 gols a mais do que o vice-artilheiro, o atacante passou a conviver com os problemas no seu joelho. Após sua primeira cirurgia, passou a ficar no banco em algumas partidas, o que o deixou insatisfeito - com isso, o PSV acabou aceitando uma oferta de US$ 20 milhões do Barcelona pelo brasileiro.
No Barça, surgiu o Fenômeno: seguindo os passos de Romário, Ronaldo iniciou pela equipe com 17 gols em 20 partidas, e ganhou o prêmio de melhor jogador do mundo da Fifa pela primeira vez. O Barcelona não foi campeão nacional, mas Ronaldo marcou 34 gols em 27 jogos, ganhando a Copa do Rei e a Recopa Europeia. Surpreendentemente, o craque acabou transferido para a Internazionale, que pagou a multa rescisória de US$ 32 milhões pelo atacante. Ronaldo ficou desapontado em deixar o clube catalão, mas aceitou o desafio de atuar pelo time italiano.
Já em Milão, a missão do Fenômeno era encerrar um jejum de sete anos sem títulos italianos no clube. Sua primeira temporada, 1997-98, acabou com 25 gols e a vice-artilharia da liga nacional. Mas a Inter perdeu o título para a Juventus. Em 1998, Ronaldo jogou a Copa do Mundo pela Seleção Brasileira, quando protagonizou a primeira polêmica de sua carreira - a convulsão na manhã anterior à final da Copa, na qual o Brasil foi derrotado por 3 a 0 pela França.
A volta da Copa foi marcada por um campeonato ruim com a Inter, e o título ficou com seu maior rival, o Milan. Sofrendo com tendinites, Ronaldo atuou pouco. A temporada seguinte, 1999-00, foi pior ainda - após estourar seu joelho, Ronaldo ficou cinco meses sem entrar em campo - e a volta acabou sendo mais trágica: contra a Lazio, nos seus primeiros passos em campo, seu joelho direito sofreu uma grave ruptura, com a patela saindo do lugar. A recuperação foi mais lenta - dos oito meses previstos no começo, o jogador demorou quinze para voltar aos gramados. A nova volta foi marcada por pequenas contusões. O atacante viveu momentos difíceis até 2002, quando renasceu de forma espetacular.
A Copa do Mundo de 2002 foi surpreendente, com Ronaldo sendo o principal nome da Seleção, fechando a competição com o pentacampeonato e a artilharia, marcando oito gols - incluindo os dois da final contra a Alemanha. Após a Copa, Ronaldo pediu para deixar a Inter, e partiu para o Real Madrid, que pagou 35 milhões de euros pelo craque, que formou os Galáticos, em um time que também tinha Raul, Roberto Carlos, Zidane, Figo e Beckham.
No Real Madrid, não teve uma passagem boa como nos clubes anteriores - apesar de marcar dois gols na sua estreia, a torcida o pressionava bastante, pois o jogador teve uma baixa produção. Apenas no final de 2002 Ronaldo conseguiu acalmar a torcida, fazendo três gols contra o Manchester United na casa do adversário, pela Liga dos Campeões. Apesar disso, o Real caiu nas semifinais do torneio europeu, mas o atacante teve o gosto de seu primeiro campeonato nacional, ganhando a Liga Espanhola de 2002-03, e sendo o artilheiro da competição com 23 gols.
Sem muitas contusões, mas agora com sua forma física o prejudicando, Ronaldo teve temporadas discretas entre 2004 e 2007, e perdeu espaço no Real. Com isso, acabou acertando sua volta para Milão, desta vez para atuar pelo Milan. No clube rossonero, descobriu que tinha hipotireoidismo, o que causa sua tendência a ganhar peso. Com o tratamento, o jogador perdeu seis quilos e passou a atuar mais, ao lado de Kaká e Alexandre Pato. Mas a passagem pelo Milan foi encerrada com uma nova contusão no joelho, em uma partida contra o Livorno. O Milan não renovou contrato com o Fenômeno.
Em 2008, o jogador voltou ao Brasil, onde passou a treinar no Flamengo, para se recuperar da cirurgia. No fim do ano, porém, o Fenômeno acabou assinando com o Corinthians, em um projeto de marketing no qual ganharia um salário fixo mais participação nos valores de patrocínios ganhos pelo Timão. Sua estreia pelo time paulista aconteceu em março de 2009, na Copa do Brasil, contra o Itumbiara, e seu primeiro gol aconteceu na partida seguinte, um clássico contra o Palmeiras pelo Paulista - uma cabeçada aos 47 do segundo tempo, garantindo o empate no jogo.
Mesmo bastante acima do peso, Ronaldo fez 8 gols nas 10 partidas do estadual, e acabou campeão do Paulista e da Copa do Brasil de 2009. A temporada de 2010 foi mais discreta, com o jogador sendo poupado em muitas partidas, e em 2011, com a desclassificação do Corinthians na Taça Libertadores, os protestos da torcida o fizeram repensar a carreira. E, sofrendo com muitas dores, o Fenômeno decidiu encerrar uma trajetória de muitos gols e títulos. O futebol brasileiro tem mais uma estrela que se apaga.
Abaixo, um video com alguns dos melhores momentos de sua carreira:
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