domingo, 20 de fevereiro de 2011

China cede e G20 define indicadores de desequilíbrios globais

Titulares de Finanças do G20 foram recebidos na sede do departamento de Economia francês

Titulares de Finanças do G20 foram recebidos na sede do departamento de Economia francês Foto:Reuters

Em Paris, os ministros de Finanças do G20 concordaram neste sábado em criar uma série de indicadores para medir os desequilíbrios financeiros globais, que inclui levar em conta as taxas de câmbio. "Estamos muito satisfeitos com o resultado conseguido", disse a ministra de Economia e Finanças francesa, Christine Lagarde, que destacou ter incluído as taxas de câmbio na referência, frente à oposição da China.

Christine precisou que todos vão levar em consideração políticas econômicas que permitam um crescimento "forte e sustentável". Os indicadores escolhidos são a dívida e o déficit público, a economia e o investimento e, por último, a balança comercial e o saldo dos investimentos correntes. Este último par de elementos da balança de conta corrente levará em consideração a taxa de câmbio, a política fiscal e monetária, entre outras, acrescentou a ministra francesa.

"Todos ganhamos com um crescimento equilibrado" porque com a situação atual "temos certeza que vamos criar outra crise", explicou para justificar a pertinência destes indicadores. Perguntada sobre o que conseguiu desfazer a resistência da China, que tinha se manifestado contra a taxa de câmbio, Christine respondeu que essa questão foi objeto de "discussões e negociações" que se prolongaram durante toda a noite de sexta-feira e a manhã de sábado.

O acordo "é equilibrado porque não coloca o acento exclusivamente na taxa de câmbio ou no balanço de pagamentos e não estigmatiza ninguém". Além disso, ela informou que os indicadores não estabelecem limitações de cumprimento obrigatório, em resposta às declarações do ministro da Fazenda do Brasil, Guido Mantega, que não queria que fossem estabelecidas restrições, apenas recomendações.

Em relação à prioridade da Presidência do G20 de iniciar uma reforma do sistema monetário internacional, o governador do Banco da França, Christian Noyer, afirmou ter constatado que "todo mundo está de acordo que as divisas devem ser conversíveis". "Por enquanto não há nenhuma conclusão", respondeu ao ser questionado sobre se o iuan será incorporado, moeda cuja taxa de câmbio não é livremente cotado, mas está diretamente controlado pelas autoridades de Pequim. "Voltaremos a falar em outubro e no final do ano", concluiu em referência as próximas reuniões do G20.

O país asiático, que se tornou a segunda maior economia do mundo ao ultrapassar o Japão nesta semana, tem resistido à pressão ocidental para valorizar substancialmente sua moeda a fim de ajudar a reequilibrar o crescimento global. As principais economias desenvolvidas e emergentes já concordavam em importantes indicadores, como dívidas do governo e déficits, endividamento dos consumidores e poupança privada.

Com informações da EFE

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