segunda-feira, 2 de agosto de 2010

EMAILS.

-Mestre?

-Aqui. Entre!

-Que linda escultura, mestre!

-Oui. É uma versão indígena da Pietà do Vaticano, esculpida por Michelangelo em 1499. Os modelos são índios Kaiowá, amigos meus, vindos de Dourados.

-Mas isso não vai gerar uma polêmica? Os índios não são politeístas?

-Em sua pesquisa sobre religiões indígenas brasileiras, Vanderlei Dallagnolo diz que a religiosidade é o substrato a partir do qual se sustenta uma moral. A Virgem e o Jesus crucificado podem simbolizar, dentro do comportamento indígena, quaisquer de suas lendas e mitos. Se não quiserem entender dessa forma, paciência. Deixa o circo pegar fogo, que nem no tempo em que Lídia Baís pintou a “Última Ceia de Nosso Senhor Jesus Cristo” e se pôs como o apóstolo preferido de Cristo.

-Torço pelo senhor.

-Obrigado.

-Mestre, eu vim lhe devolver o livro “Bandeirantes: história e fé”, do Padre Luciano, que o senhor me emprestou. Lembra?

- Lembro. Na ocasião eu sugeri que você falasse com os vereadores para que estes, sensibilizados, requeressem a troca da placa do busto do Chico Bandeira na Praça Joaquim Pedro de Campos, tido, erradamente, como o fundador de Bandeirantes. E aí, alguma novidade?

- Bem, Mestre, eu não conversei pessoalmente com os nove vereadores, mas mandei a cada um deles um email com o meu pedido, ilustrado por uma foto que tirei do Busto do Chico Bandeira, enfatizando o erro, de acordo com o livro do Padre Luciano. Eles ainda não me responderam. Será que vão requerer a troca, Mestre?

-Alea jacta est*.

* A sorte está lançada, em Latim (nota minha)
(Crônica de Adeblando A. Silva - adeblandoas@yahoo.com.br)

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