segunda-feira, 25 de abril de 2011

Os excessos de consumo e nosso futuro

Autor:João Bosco Leal
www.joaoboscoleal.com.br

Está aumentando bastante em nosso país o consumo do que antes era conhecido como supérfluo, e as pessoas passaram a usar, em volume muito maior, carros importados, roupas, bolsas, sapatos e relógios de grife, e em suas novas casas podemos ver aparelhos de som e televisões enormes instalados em vários ambientes.

A inflação mais baixa e o crédito mais fácil certamente alavancaram a economia popular, e melhorou bastante o padrão de vida do brasileiro ao permitir maior consumo em todas as camadas sociais. A melhor alimentação, a aquisição da casa própria e a aquisição de diversos produtos antes nem sonhados, passaram a ser possíveis.

Esse consumo maior pode ser facilmente observado em nossa sociedade, que com a política econômica atual, a globalização da economia, a abertura de mercados e a informação via internet, certamente foi influenciada pela política consumista norte americana e pela moda européia.

Entretanto essas facilidades de informação e de crédito estão sendo pouco controladas pela população brasileira, não acostumada a elas nas últimas quatro décadas, durante as quais teve pouca educação, a informação era restrita às classes sociais mais abastadas que podiam viajar ao exterior, e conviveu com muita inflação.

A grande maioria da população economicamente ativa do país nunca viveu em uma economia sem inflação e, consequentemente, nunca absorveu o hábito da poupança, do seguro-saúde, da estabilidade econômica em seu envelhecimento e da garantia da escola universitária para os filhos.

Sem esses costumes, mas com os tradicionais e os modernos veículos de comunicação incentivando o consumo cada vez maior, e para pessoas cada vez mais jovens, nada mais óbvio de se esperar que o descontrole da economia dos lares, onde o endividamento está ultrapassando os níveis razoavelmente aceitáveis.

As esposas atualmente trabalham como os próprios maridos e, mesmo assim, o casal normalmente já não consegue arcar financeiramente com os gastos da família e, inconscientemente, para suprir sua ausência e poder mostrar carinho quando presente, acaba dando cada vez mais aos filhos, que ficam sem parâmetros de limites.

Os filhos sem limites pedem cada vez mais, e os pais tentam acobertar suas falhas educacionais adquirindo tudo o que lhes é pedido. Em um supermercado, ouvi uma senhora dizer ao marido que estava escandalizada por ele negar um brinquedo de pouquíssimo valor ao filho que chorava. Disse que devia dar, pois ao menos o menino ia parar de chorar, e ela teria paz.

Pensando somente em seu bem estar momentâneo, essas pessoas não criarão filhos, netos ou uma sociedade mais responsável, com princípios educacionais mais sólidos e que pensa no bem comum, inviabilizando assim, no futuro, aquela que seria a sociedade por ele mesmo imaginada como a ideal para seus descendentes.

Toda a humanidade viveu sem quase nada do que hoje possuímos, e foi assim que construiu tudo o que temos. Isso mostra que, apesar de nos proporcionar muitas facilidades e conforto, todo o supérfluo hoje a nosso dispor não é vital para que tenhamos progresso ou felicidade e, portanto, é realmente desnecessário.

A limitação responsável dos gastos e dos excessos no consumo certamente nos proporcionará um futuro mais promissor, e as economias de qualquer pessoa, lar, sociedade ou país precisam ter limites, ou não suportarão, e seu descontrole provocará dores e tristezas impagáveis.


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