segunda-feira, 6 de junho de 2011

Autor de atentado contra ônibus escolar em Mato Grosso do Sul não é índio, diz cacique

Priscilla Peres e Celso Bejarano
O autor do atentado contra um ônibus com 30 estudantes indígenas na cidade de Miranda, a 220 quilômetros de Campo Grande, no último sábado (4), não tem características indígenas. A informação é de uma aluna que estava no veículo atacado e afirma ter visto o homem que jogou um coquetel molotov no parabrisas.

Pouco após o ataque, que deixou quatro alunos e o motorista feridos, chegou a ser comentada a possibilidade de uma rixa entre aldeias rivais ter motivado o ato criminoso. Porém, segundo o cacique Adilson Terena, uma aluna teria visto a pessoa que atirou as pedras e a bomba caseira no ônibus e sabe citar as características do autor.

Ele afirma que está descartada a hipótese de ser um indígena o autor do atentado. No ônibus havia indígenas das duas aldeias supostamente envolvidas na tal disputa interna.

Na manhã desta segunda-feira (06), os estudantes que estavam dentro de um ônibus no momento em que o veículo foi alvo de um atentado serão ouvidos na delegacia de Polícia de Miranda.

Na noite do ataque foi encontrado um chapéu nas proximidades do local. De acordo com o cacique, o chapéu não pertence a nenhum indígena.

O líder indígena disse ainda que o ônibus foi retirado do local pouco tempo depois do ataque e que até o momento a Polícia Federal não entrou nas investigações do caso e a polícia civil que fez a perícia e está ouvindo as testemunhas.

A Polícia Federal explicou que ainda não foi informada oficialmente do caso pela Funai (Fundação Nacional do Índio) e que a Polícia Civil já iniciou as investigações.

O caso

O ônibus seguia da cidade para a aldeia, uma distância de ao menos cinco quilômetros, perto da meia noite de sexta-feira, quando foi alvejado por pedradas e uma bomba caseira, que caiu perto do motorista.

O veículo, locado pela prefeitura do município transporta alunos do ensino médio da cidade para a aldeia de segunda-feira a sexta-feira.

O ataque ocorreu num local escuro.

Entre as cinco pessoas internadas o motorista é o que saiu mais machucado, segundo cacique. Laércio Corrêa, 27, sofreu queimaduras na maior parte do corpo, incluindo a cabeça. Os quatro outros feridos, estudantes, não correm riscos de morte.

Briga judicial

Três anos atrás o Ministério da Justiça baixou uma portaria determinando que uma área de perto de dois mil hectares fosse transformada em aldeia indígena, contudo, por meio de liminar, a decisão foi suspensa no ano passado pelo STF (Supremo Tribunal de Justiça).

Em março deste ano, os índios invadiram duas fazendas em Miranda, uma delas a fazenda Petrópolis, do ex-governador de MS, Pedro Pedrossian. A Justiça mandou a polícia afastar os índios de lá.

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