sexta-feira, 30 de setembro de 2011

A VIDA É ASSIM...

*Por:Helena de Paula Paula

Silvia dirigia pela Avenida Vinte e três de maio... Era seu ultimo dia de trabalho. O trânsito estava horrível, era véspera de um feriado prolongado, mas o que para ela deveria ser motivo de alegria infelizmente não fora pois, com uma tempestade se aproximando, o pavor tomou conta dela..Sabia que não demoraria muito e estaria presa na chuva no engarrafamento. Motivo do terror que tomara conta dela... Silvia ha algum tempo fazia tratamento para síndrome do pânico. Ela que já havia presenciado tantas situações de verdadeiro terror nas ruas de São Paulo enquanto dirigia. Viu certa vez uma mãe gritando desesperada, pois seu carro fora levado por bandidos com seu bebezinho dentro. Viu um homem ser baleado em plena luz do dia num farol por tentar reagir a um assalto, agora era uma gang de motoqueiros que assaltavam e matavam sem piedade quem cruzasse no caminho deles. Como se tudo não bastasse, Silvia também fora certa vez arrastada dentro do carro por uma enchente que inundou seu carro em questão de minutos, fora salva graças a ação rápida dos bombeiros.

Ela ia completar quarenta anos, e seu casamento estava a ponto de desmoronar, pois com um emprego que a consumia ela foi deixando passar a chance de ter um filho tão desejado pelo marido. Quando a síndrome do pânico tomou conta, ela decidiu; Não iria mais trabalhar... Pena que ficou só na ameaça, pois Silvia continuou no emprego.

Um dia ela sentiu uma vertigem, acreditou ser por causa dos remédios que ela havia parado de tomar por conta própria. Mas as vertigens continuavam mesmo depois de voltar a tomar os remédios. Decidiu que era hora de fazer uns exames... "Surpresa" Ela estava grávida! Sim grávida, beirando os quarenta anos... Agora sim, não iria mais trabalhar. Ia voltar para o interior.Ia criar seu filho numa cidadezinha tranqüila, queria vê-lo crescer jogando bola na rua, brincando com amiguinhos, ia estudar numa escola pequena, mas segura.Não ia querer criar seu filho no meio daquela loucura que era cidade grande.

Enquanto pensava, Silvia presa no meio daquele congestionamento que não andava, segurava com força a bolsa com um terror crescente, ali continha ali seu ultimo salário. Era como se ela quisesse proteger aquele inicio de vida tranqüila que se aproximava. Quatro horas da tarde... O céu escureceu rapidamente e a chuva caiu torrencialmente. Silvia sentiu que ia ser de novo arrastada pela enxurrada, ou então ia ser assaltada. Suava frio, sua mente criava monstros, sua mente mostrava o perigo de todos os lados ...Assim quando um motoqueiro bateu no vidro do carro ela já estava num grau máximo de terror e pânico, tirou rapidamente uma arma da bolsa e descarregou varias vezes no motoqueiro, matando-o nas ruas enlameadas de São Paulo.

Imediatamente alguns amigos do motoqueiro morto se aproximaram e em pânico diziam _Ele só queria avisar que o cinto de segurança estava para fora impedindo que a porta fosse fechada adequadamente.

E ali, naquela tarde chuvosa, em meio aquele caos, Silvia via ir por água abaixo o sonho de viver tranqüila numa cidadezinha do interior. Esta é mais uma historia que a vida escreve!

*Helena de Paula Escritora do Romance "MOINHOS DE VENTO" e do O HOMEM QUE AMEI! Editora Barauna. e-mail: mhelenap66@hotmail.com

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