sexta-feira, 30 de setembro de 2011

SAUDADES...APENAS SAUDADES!

*Por: Helena de Paula Paula

Sentado na sua cadeira de balanço,
José Elias olhava para a rua...
Via seu neto que empinava uma pipa,
Via também outros garotos que jogavam bola,
corriam de um lado para outro.
Agilidade que ele não tinha mais.
Seus olhos também perderam um pouco do brilho, mas ainda assim conseguia ver além...
Muito além da linha do horizonte.
Sua filha, Maria Cecília, pela terceira vez o chamava.
- Pai! O jantar está na mesa... Vem antes que esfrie, mas José Elias estava bem distante dali.
Seus pensamentos o levavam constantemente ao passado, ao encontro dos seus três amigos de outrora; Oscar, Arnaldo e Waldomiro, onde faziam o que mais gostavam de fazer... Pegar o bondinho de Santa Tereza e todos se encontravam na casa de Arnaldo, filho de Dona Sebastiana, a dona da pensão Aurora. Lá se reuniam todas às tarde de sábado...
Cavaquinho, pandeiro e violão.
Era ele o dono de uma bela voz, sempre era o escolhido para cantar nas noites de serestas , que faziam embaixo das janelas, das mocinhas apaixonadas.
Dona Sebastiana era uma mulher de fibra, perdera seu marido em um acidente de trabalho, mas a vida não a derrubou.
Era dali, daquela pensão que ela tirava o sustento de toda família.
Ela sabia; Quando os meninos, como ela os chamavam, se reuniam, tinha que ter, aquele caldinho de feijão, o caldo de mocotó com bastante pimenta cheiro verde e o pão Sírio que ela aprendera a fazer.
Todos adoravam seus caldinhos bem conhecidos na região.
Ela com uma simpatia que Deus lhe deu, sempre sorrindo e às vezes ate ensaiava uns passos de dança com um dos meninos que para ela eram como filhos.
Tudo era uma alegria só, as canções iam soando noite adentro...
A DEUSA DA MINHA RUA...
MEU CORAÇÃO; NÃO SEI POR QUE BATE FELIZ...
QUE SAUDADES DA PROFESSORINHA QUE ME ENSINOU O BEABÁ...
EU AMANHEÇO PENSANDO EM TI, EU ANOITEÇO PENSANDO EM TI...
E assim, Nelson Gonçalves, Ataulfo Alves e outros seresteiros iam surgindo, todos tinham uma historia engraçada para contar, pois boêmios como eles eram, as noites de serestas nem sempre terminavam bem.
Vez ou outra era um pai que acordava no meio da noite e os expulsavam ou até mesmo muitos baldes de água os obrigavam a voltar para casa mais cedo.
Eles eram felizes. Porém, o tempo passou, Jose Elias se casou com a professorinha e seus velhos amigos se foram,cada um seguiu seu caminho.
Estes encontros agora só mesmo nas lembranças.
Lembranças que eram interrompidas pelo insistente chamado de Maria Cecília...
–Pai, vem! O jantar esta na mesa.
José Elias resignadamente volta do passado,senta-se à mesa quieto... Come automaticamente, pois em sua mente ainda resta um trechinho da canção de Nelson Gonçalves...

ME DEIXE AO MENOS, POR FAVOR PENSAR EM DEUS!

*Helena de Paula Escritora do Romance "MOINHOS DE VENTO" e do O HOMEM QUE AMEI! Editora Barauna. e-mail: mhelenap66@hotmail.com

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