sábado, 30 de abril de 2011

Muricy e Carpegiani tentam espantar fantasmas no mata-mata

Tricampeão brasileiro pelo São Paulo, Muricy Ramalho era admirado por sua eficiência em pontos corridos, mas acabou muitas vezes questionado (inclusive nos bastidores do Morumbi) por seus insucessos em mata-matas. Já Paulo César Carpegiani tinha tudo para se firmar no Tricolor em sua primeira passagem, em 1999. Porém, deixou o clube depois de ter sido eliminado nas semifinais de Paulistão e Brasileirão, ambas contra o Corinthians.

Agora, o Estadual é uma grande chance para os dois profissionais. Na tarde deste sábado, às 16 horas, no Morumbi, o santista Muricy e o são-paulino Carpegiani lutam por uma vaga na decisão do Paulista. Só um deles pode ficar mais perto de espantar o fantasma em jogos decisivos.

"Nós fomos eliminados na semifinal (de 1999), e o que marca a passagem de um treinador no clube são os títulos. Só um ganha, e espero marcar agora com títulos, não tenho como falar diferente", pondera o comandante são-paulino.

Do outro lado, a pressão sobre Muricy era tão grande no São Paulo que chegou a receber o apelido de "rei do morre-morre" por alguns setores descontentes de torcedores, tanto é que acabou demitido depois de sua terceira eliminação seguida pelo clube na Libertadores.

O assunto retrospecto em mata-matas incomoda o técnico santista, que vê um exagero em apontá-lo como um treinador vencedor somente em campeonatos de pontos corridos.

"Esse é um grande problema. Quando me perguntam isso deveriam pegar o meu histórico e ver que a maioria dos meus títulos foi em mata-mata. Copa Conmebol, Campeonato Gaúcho, Pernambucano, teve até o Paulistão em 2004, com o São Caetano. Mas eu tenho que responder sempre a mesma porcaria, porque não ganhei a Libertadores", disparou.

Segundo Muricy, confrontos de mata-mata são mais difíceis de serem vencidos porque nem sempre a melhor equipe ganha, ao contrário do que acontece nos campeonatos de pontos corridos.

"O que as pessoas não entendem é que o Brasileirão é muito mais difícil de ser vencido do que a Libertadores. Ninguém repete título no mata-mata. Não há um especialista, porque o que pesa nesse tipo de duelo é o imponderável. Às vezes, você monta o time certinho, joga bem, só que a bola não entra. Daí, o cara acerta uma pancada de fora da área, faz o gol e acabou o jogo", comentou.

Carpegiani, por sua vez, tem consciência também de que o julgamento do próprio time será muito influenciado pelo destino do Tricolor no Estadual e também na Copa do Brasil. "Time confiável é aquele que ganha. Estamos tendo uma sequência de vitórias e isso é importante. Mas futebol é resultado. Quando o Barcelona perdeu uma partida e empatou outra, já teve suspeita. Time que ganha passa a ser confiável".

Independentemente do destino de cada equipe, o clássico será especial também por marcar o reencontro de Muricy com o São Paulo, o primeiro em um mata-mata.

"É sempre legal reencontrar as pessoas que ficaram por lá. Vamos rever os amigos, os funcionários antigos do clube, o que é algo muito bom. A expectativa é ótima para esse jogo. Eu já voltei lá muitas vezes desde quando saí do São Paulo, mas, realmente, é a primeira em mata-mata. Temos que ganhar. Vencer no Estadual na maior parte das vezes não é tão valorizado, mas se você perde a cobrança é muito grande", afirmou.

Um dos atletas comandados por Muricy na época do Tricolor, Ilsinho elogiou o antigo chefe e comparou ao estilo de mais diálogo do atual técnico são-paulino.

"O Muricy cobra bastante e tem aquele jeito dele, só fala bom dia, boa tarde e boa noite. Ele sabe das nossas características e vai tentar dificultar ao máximo. O Paulo também fica nervoso e cobra bastante, mas tem um estilo mais tranquilo. Ele tenta ir mais para a conversa fora do campo, são dois estilos completamente diferentes", finalizou.

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