De acordo com reportagem publicada pelo "O Globo" neste sábado, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, recebeu pelo menos R$ 2 milhões com a P-21 Consultoria e Projetos Ltda., sua empresa.
As irregularidades teriam ocorrido em 2009 e 2010, na fase de transição entre seu cargo de prefeito de Belo Horizonte e ministro do atual governo.
Segundo a denúncia, os principais clientes de Pimentel foram a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e o grupo da construtora mineira Convap. A primeira pagou R$ 1 milhão por nove meses de consultoria de Pimentel, em 2009, e a segunda gastou R$ 514 mil, em 2010.
Dirigentes da Fiemg negam qualquer trabalho realizado pelo ministro. A Convap chegou a assinar com a prefeitura do sucessor de Pimentel, Márcio Lacerda, dois contratos que somam R$ 95,3 milhões.
Pimentel foi contratado por outra empresa do grupo, a controladora Vitória Engenharia, atual Mineração Vitória Ltda. Menos de um ano após quitar a última parcela da consultoria, a Convap foi escolhida na época de Lacerda para realizar obras de implantação do sistema BRT (Ônibus de Trânsito Rápido, em inglês) para a Copa de 2014, e da Via 210.
O grupo de Pimentel permanece no controle da Secretaria Municipal de Obras e Infraestutura. O diretor-presidente da Convap, Flávio de Lima Vieira, não quis dar declarações sobre o serviço prestado com valor de mais de R$ 500 mil.
O atual presidente da Fiemg, Olavo Machado, confirma o pagamento somente por "análise, avaliação e aconselhamento sobre aspectos da economia local e mundial", "discussões socioeconômicas com base em experiência técnica, universitária e administrativa" e "dimensionamento de mercados pra empresas, aspectos de meio ambiente e sustentabilidade".
Em respostas às acusações, Fernando Pimentel disse, por meio da assessoria do ministério, que deixou de dar consultoria no final de 2010, antes de entrar para a pasta do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. A P-21 teria encerrado a prestação de serviços em novembro de 2010.
Reunião com Dilma
A presidente Dilma Rousseff, ordenou, neste domingo, que Pimentel se explique sobre o tráfico de influência em licitações da prefeitura de Belo Horizonte e a não prestação de serviços pagos pela Fiemg. No mesmo dia, ele afirmou que "não feriu nenhum preceito ético e moral e está perplexo com "tamanho espaço para um assunto privado.
Se chamado para se explicar no Congresso, o ministro afirmou que qualquer tese de tráfico de influência no governo Dilma "é mordaz", visto que ele garante não saber, na época, que a presidente seria eleita. No entanto, Pimentel é amigo de Rousseff desde a ditadura, além de ser do mesmo partido (PT), e participou de sua campanha eleitoral.
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