quinta-feira, 1 de julho de 2010

Programa transforma produtores rurais em empresários

Quem disse que atividade agrícola não é negócio? Criado para levar o empreendedorismo ao campo, o Programa Empreendedor Rural (PER) funciona como um agente de estímulo, onde os participantes tem a oportunidade de transformar a visão de que propriedade rural e empresa são coisas distintas. Em turmas com uma média de 25 pessoas, as aulas incluem atividades vivenciais, exercícios específicos e estudos de caso que desenvolvem nos aprendizes de empresário rural as competências pessoais e profissionais necessárias para que a gestão do empreendimento rural evolua e traga resultados.

Com dinâmicas realistas para preparar quem vai sentir os desafios do mercado, as capacitações do PER mostram ao empresário rural que é possível diversificar ou então aprimorar as atividades que já desenvolve. O programa é desenvolvido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural e só em 2009 realizou o curso para 20 turmas que tiveram 136 horas de capacitação divididas em 17 encontros semanais. O superintendente do Senar, Clodoaldo Martins, ressalta o objetivo do treinamento. “Se o empreendedorismo é um assunto tão comentado no mundo todo, por que não estendê-lo ao agronegócio? Essa é a função do PER, levar o produtor a ter uma mudança de postura, para que ele se sinta realmente um empresário”, expõe.

Durante as aulas do PER, os participantes desenvolvem planos de negócio, que dão direcionamento à gestão rural. Ao fim do programa foram gerados 60 projetos, destes foram selecionados 12 que agora, no dia 23 de julho, serão apresentados no evento de encerramento. Os planos de negócio escolhidos passaram por uma banca examinadora em fevereiro deste ano. O produtor de Dourados, César Fontanella Gaigher, que possui uma propriedade de 270 hectares, é um dos participantes que teve seu projeto selecionado. Ele trabalha com agricultura de precisão e plantio de brachiária, que utiliza uma tecnologia que apresenta uma espécie de raio X da terra, proporcionando ao produtor maior autonomia para a utilização de insumos no solo.

A agricultura de precisão se baseia no princípio de heterogeneidade do solo. Trabalha com a divisão da terra em pequenas áreas onde cada espaço tem uma análise específica. “Divido minha terra em áreas de dois hectares e meio. Cada amostra gera alguns dados que são utilizados em um programa de computador. Esse programa mostra exatamente o que aquele solo precisa e quais as quantidades”, explica César. A outra atividade, o plantio de brachiária, é fundamental para o bom trato com a terra, pois é uma gramínea que cobre o solo e mantém a umidade, protege dos raios solares e gera a matéria orgânica necessária. Atuando nestas atividades há cinco anos, o produtor também conta que no tempo de verão, utiliza o sistema para plantar soja e trigo, já quando chega o inverno, trabalha com milho safrinha e a brachiária.

Com um projeto em área de atuação parecida, Eurides Carlos Rocha também é finalista do PER. Ele conta que se surpreendeu com os conhecimentos que adquiriu e afirma que sua participação só lhe fez bem. “Eu sempre ouvia falar desse programa, mas não achava que fosse tudo isso. Hoje eu posso dizer que o PER foi um divisor de águas na minha vida. Foi onde aprendi a fazer o planejamento do meu trabalho e da minha propriedade. Até mesmo na minha vida pessoal pude melhorar, algumas atividades me ajudaram inclusive a me conhecer melhor”, relata.

O plano de negócios de Eurides envolve o consórcio de plantio de milho safrinha com brachiária, que segundo ele traz bons resultados para o posterior plantio da soja. Com quase 23 hectares em sua propriedade, localizada em Douradina, seu trabalho envolve não só a agricultura, mas também a piscicultura e a avicultura de corte. O projeto mostra a possibilidade de utilizar tecnologia de baixo custo para aumentar em números expressivos a produção. “Eu queria propor uma técnica economicamente viável para o bolso do produtor. A cultura subseqüente ao milho safrinha e a brachiária recebe os benefícios de um solo bem preparado. No meu caso, com a soja, pude verificar que em quatro anos há um aumento significativo de aproximadamente sete sacas por quadro plantado” relata.

Por:Camila Valderrama Simões/Jornalista
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