Autor: João Bosco Leal
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Ainda outro dia, depois das aulas e das tarefas feitas, jogava bolinhas de gude com amigos na calçada de casa...
No mês de agosto, os meninos faziam seus papagaios de papel de seda e goma arábica, tentando que fossem mais coloridos e com o rabo maior que o dos outros...
Ao anoitecer, os pais já cansados e querendo um pouco de sossego, nos davam algumas moedas para apanharmos vagalumes...
As brincadeiras mais comuns eram as de pega-pega, esconde-esconde, cabra cega, amarelinha e queimada...
Depois vieram os jogos de futebol e para meninas, outros tipos de brincadeiras, considerados mais apropriados...
Os pais que podiam, colocavam seus filhos no judô e na natação, as meninas no balé e piano, e ambos no inglês...
Como diversão, a grande novidade eram os patins, antecessor do skate...
As fanfarras treinavam o ano todo para raríssimas apresentações, no sete de setembro ou nos concursos estaduais, quando, as meninas faziam belíssimas apresentações de malabarismos...
Vieram as aulas de datilografia, que os mais novos sequer sabem do que se trata...
As brincadeiras dançantes em clubes eram destinadas aos menores de idade e animados com música ao vivo...
O limite de horário era sempre muito rígido, 22 horas, e queríamos envelhecer mais rapidamente...
Vieram os bailes, os carnavais, os cinemas e os namoros, todos muito diferentes dos atuais...
A cuba libre era a bebida da moda e alguns se embebedaram pela primeira vez...
Ouvíamos os Beatles, Creedence CR, Carpenters, Ray Charles, Cat Stevens, Aretha Franklin, Tina Turner e centenas de outros de elevado padrão musical, com músicas também muito diferentes das atuais...
Veio a faculdade, muitos estudos, músicas, namoradas e bailes, mas a sonhada formatura, só para a minoria...
Começou a vida de responsabilidades, trabalho, busca de renda, casamento, filhos...
A tensão era ser enorme, com muitas preocupações com a educação e saúde dos pequenos, seu futuro...
Agora são os filhos que passam pelas mesmas situações, nos alegrando ou preocupando...
Apareceram rugas e cicatrizes, muitas no corpo outras na alma...
Muitos cabelos caíram e outros ficaram brancos, os sonhos diminuíram e fiquei mais realista...
Os netos começam a crescer e de um modo ou de outro a viver tudo o que eu e seus pais vivemos...
Aos 60 anos, muitos nos acham quadrados, ultrapassados, com poucas idéias úteis, mas na sua idade, eu achava que uma pessoa com 35, 40 anos já era velha...
Realmente diminuíram minhas destrezas, estou cada vez mais lento, física e mentalmente, mas é uma fase maravilhosa, pois já aprendi e senti bastante, mas tenho fome de novos aprendizados e sentimentos...
Foi tudo muito rápido e o que mais quero agora, é que tudo demore muito...
Um comentário:
Parabéns amigo...amei teu poema...Me senti na cena.Eu tambem adoro recordar.Quando puder me de a honra de ler este meu poema ta? beijos!
http://bandeirantesnews.blogspot.com/2011/09/saudadesapenas-saudades.html
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