“Jornada ou Destino – Processo ou resultado?”
Por Marcelo Veras*
Eu já li várias frases filosóficas defendendo que a jornada é mais importante do que a chegada ao destino. Como um dos meus vícios sempre foi viajar, sei bem o significado disso e concordo que na vida a gente tem que curtir e aprender também com o processo e com a caminhada. Nas minhas viagens, eu começo (por incrível que pareça) a entrar no clima bem antes. Parece que quando chego ao destino (fisicamente), a minha mente já está lá me esperando. Eu curto a ida e a volta de uma viagem.
Porém, na carreira profissional, o meu set up neste tema é um pouco diferente. Um pouco não, muito diferente. Aqui, o caminho chama-se processo. O destino, resultado final. E é aí que o bicho pega. Para mim, a ordem de importância para o foco deve ser invertida.
Como terceiro atributo da competência “Comprometimento”, hoje quero tratar de uma importante característica de profissionais que são, e serão sempre, desejados e disputados pelo mercado – a orientação para resultados. Este atributo coloca mais um importante tijolo naquele conceito moderno sobre comprometimento que venho tratando nos últimos três artigos. A base, se você leu os anteriores, já sabe: Comprometimento é compromisso com resultados. E daí surge a chamada orientação para resultados.
Pense na seguinte situação: Você entrega um projeto a uma pessoa da sua equipe, com escopo e prazos bem definidos. Trata-se de um projeto importante para a área ou para a empresa como um todo. A minha pergunta é a seguinte: O que te faria ficar tranquilo(a), botar a cabeça no travesseiro toda noite e dormir, sem ter que se preocupar se a pessoa que está responsável pelo projeto vai fazer a coisa acontecer ou não? Pare e pense um pouco nisso. Provavelmente você deve ter pensado na mesma coisa que todos os chefes pensam. O que te deixaria tranquilo(a) seria a certeza de que a pessoa que está responsável pelo projeto saiba exatamente qual é a importância do mesmo, seus impactos na área/empresa no curto, médio e longo prazo caso o projeto não corra bem e, por último, que esteja 100% focada no resultado esperado daquele projeto/tarefa. Simples? Poi s é, é assim que todos os chefes pensam. É assim que todos os chefes escolhem para quem devem entregar os principais projetos e para quem devem confiar os maiores desafios. Sabe por quê? Porque o que realmente importa, quando se trata de delegação de responsabilidade, é a orientação para o resultado e menos a orientação para o processo.
Veja, não estou dizendo aqui que o processo não é importante ou não deva ser pensado e discutido. O que digo é que existem pessoas que concentram-se mais no processo e menos no resultado. Estas pessoas tendem a buscar a perfeição nos mínimos detalhes, pensam em tudo antes de agir, discutem com o chefe as melhores formas de fazer as coisas, querem ter certeza de que tudo vai dar certo e por aí vai. Não há nada de errado nisso. O problema é que este excesso de zelo e amor ao processo, às vezes compromete o resultado. O mundo atual tem mostrado que empresas e pessoas que entregam mais, mesmo às vezes pecando um pouco no processo, crescem mais. Não sou eu que estou dizendo isso. Basta olhar para o lado, na sua empresa, e você verá que o excesso de zelo com o processo nem sempre é caminho mais curto para o topo. Decida, na vida e no trabalho, se você quer ser reconhecido como alguém bom de processo ou bom de resultados. Jornada ou Destino? Processo ou Resultado? Não tem certo nem errado. Apenas escolha. Até o próximo.
*Vice-Presidente Acadêmico da ESAMC. Associate Partner da AYR Consulting – Consultoria de Inovação. Sócio-diretor da PRIME Educacional – Franqueada ESAMC. Professor de Marketing, Estratégia e Planejamento de Carreira do MBA da ESAMC. Palestrante e consultor de empresas nas áreas de Gestão de Carreiras e Marketing.
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