quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Medicamento jogado no lixo

Comprado com verba pública, produto para doentes renais estava no prazo de validade
Rio - Medicamentos comprados com verba pública pelo Ministério da Saúde estão sendo jogados fora no Rio. Ontem a polícia encontrou, descartados num terreno baldio em Santa Cruz, 110 frascos de solução usada por pacientes que fazem diálise peritoneal — procedimento similar à hemodiálise, feito em doentes renais crônicos em casa. Parte dos frascos, segundo PMs do 27º BPM (Santa Cruz) que recolheram o material, havia sido danificada por crianças que brincavam no terreno. O produto venceria somente em 2012.

Segundo o presidente da Associação dos Renais e Transplantados do Estado do Rio, Alfredo Duarte, a solução é fornecida mensalmente aos pacientes cadastrados no Ministério. Mas quando um doente morre ou é transplantado, a família não consegue devolver as soluções restantes ao fornecedor contratado pelo governo. “É um desperdício absurdo. Mas o fornecedor que pega o equipamento usado pelo paciente na diálise não recolhe as soluções. Os hospitais públicos também não aceitam receber como doação e as famílias acabam jogando fora por falta de opção”, conta Alfredo. “Já falei com uma pessoa que foi orientada a cortar os frascos e jogar a solução na torneira. O dinheiro podia ser aproveitado para comprar remédios que muitas vezes faltam”.

Segundo o delegado Renato Soares, da 36ª DP (Santa Cruz), para onde o material foi levado pelos PMs, o descarte foi feito por um particular. “Sabemos que o produto não foi desviado de nenhuma unidade pública”, explicou.

Os frascos da solução polieletrolítica 1,5% de glicose estavam em caixas, muitas com lacre do fornecedor, e foram entregues pelo delegado à Anvisa. O Ministério diz que as soluções não usadas devem ser entregues às clínicas de diálise, “que podem cortar a bolsa e descartar”. Cada doente recebe por mês até 120 frascos.

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