domingo, 4 de março de 2012

Anvisa revela que médicos brasileiros têm pouco hábito de lavar as mãos

Uma pesquisa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mostrou que 69,3% dos hospitais contam com uma taxa de adesão à higiene das mãos inferior a 70%. Mesmo que a higienização, seja lavando com água ou álcool em gel, seja a maneira mais eficaz e barata de reduzir casos de infecção hospitalar, grande parte dos funcionários da saúde brasileira não cultiva esse hábito.

Dos 901 hospitais com dez ou mais leitos de Unidade de Terapia Intensiva participantes da pesquisa, em 85 deles (30,7%) a adesão é maior que 70%, percentual considerado ideal pelos especialistas. Em 130 instituições, a taxa varia de 40% a 70%.

De acordo com o levantamento, grande parte das unidades de saúde dispõe de estrutura para a limpeza das mãos, como pias com sabonete e toalhas descartáveis nos leitos. Também foi constatado que 99% têm fornecimento contínuo de água limpa e 53% possuem álcool em gel disponíveis em enfermarias.

Diante da boa estrutura, o que pode explicar a baixa adesão dos funcionários é a quantidade de programas para capacitação e monitoramento dos profissionais sobre a higiene das mãos, considerada abaixo do esperado. O diagnóstico revela que 68% das unidades não têm orçamento exclusivo para treinamento em higienização das mãos, menos de 40% têm programa regular de treinamento dos médicos e enfermeiros e em 66% deles não há observadores para garantir a adesão à higienização.

Para o coordenador de Infectologia Hospitalar da Sociedade Brasileira de Infectologia, Eduardo Medeiros, capacitar é o caminho para disciplinar a prática de lavar as mãos. "Ele (profissional de saúde) não é igual a um funcionário de uma fábrica, fica exposto a muita pressão e questões emocionais. A instituição precisa investir em capacitação constante. Os médicos e enfermeiros são pessoas bem formadas, mas a higienização deixa a desejar mesmo entre esses profissionais", disse.

Para melhorar a situação, Medeiros sugere que os hospitais devem usar estratégias de estímulo à adesão. Isso seria feito com premiações aos profissionais ou áreas onde a higiene das mãos é um hábito frequente. Na maioria dos hospitais (77%), o profissional não tem retorno sobre os efeitos da prática, por exemplo, no controle das infecções. Eles sequer sabem dados sobre como está a higiene local e de seus companheiros.

De maio a dezembro de 2011, a Anvisa colocou à disposição o questionário para avaliar a situação da prática de higienizar as mãos nos hospitais. A participação na pesquisa era voluntária. Há representantes de todos os estados e do Distrito Federal no levantamento. Do total de unidades de saúde que responderam o formulário, 320 eram de São Paulo.

Com informações da Agência Brasil

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