quinta-feira, 20 de maio de 2010

TEORIA DO PENSAR E DO FAZER

Atualmente, a educação brasileira, de modo geral, passa por momentos difíceis, eclodindo em severas críticas à realidade que se apresenta. Ferreira Sobrinho salientando que o discurso do poder público continua o mesmo: a educação é importante, mas os recursos são escassos. O que recai na questão salarial, na perda do prestígio social do professor do ensino fundamental e médio, e na falta de condições de trabalho em todos os níveis do ensino.

Neste cenário problemático do ensino, há também uma questão crucial quando se trata da relação professor/aluno. Neste sentido, temos aquele professor que é o senhor do conhecimento, detentor do poder e passa aquilo que lhe aprouver.

Para Freire essa atitude educacional baseia-se na visão bancária da educação, onde o saber é uma doação dos que se julgam sábios aos que julgam nada saber. Doação que se funda numa das manifestações instrumentais da ideologia da opressão – a absolutização da ignorância, que constitui o que chamamos de alienação da ignorância, segundo a qual esta se encontra sempre no outro.

A ideia de transmissão de conhecimento em grandes quantidades chegou à prática do professor como modelo, tornando-o representante de um produto acabado. E não o representante do ensino como processo. Tendo como consequência dessa prática o impedimento de que os alunos possam desenvolver habilidades para uma reflexão crítica.
O ideal é que se possa desenvolver nos alunos competências e habilidades, como a capacidade de enxergar a realidade do mundo a sua volta e encontrar soluções conscientes e viáveis para os problemas de uma sociedade em constante mutação.

Essa transformação requer uma mudança íntima do docente, especialmente no que se refere à organização de seu processo pedagógico. Uma das ferramentas importantes para a transformação deste paradigma é a utilização do diálogo professor/aluno.

Paulo Freire traz a importância da dialogicidade, ou seja, da permissão dada aos alunos para agir e refletir sobre a ação pedagógica realizada nas escolas, diferente de um refletir exclusivo da mente do professor. Aí se chega à práxis, ou a ‘teoria do fazer’, com ação e reflexão simultâneas, em reciprocidade.

A mudança para a ação docente dialógica está na adoção de uma nova postura em sala de aula, baseada na cooperação, na qual o professor deixa o seu papel de protagonista de regras e passa a desempenhar, lado a lado com seus alunos, uma parceria transformadora da sociedade.

Dialogar no ensino promove a integração aluno-professor, através dos métodos e técnicas pedagógicas. O professor dialógico passa a acompanhar o desenvolvimento do aluno, surgindo um rompimento com a escola tradicional, das aulas magistrais ou exclusivamente expositivas. Possivelmente este seja um caminho para uma educação mais humanizadora.

Autor:Paulo César Ribeiro Martins
Professor da UEMS/FIPAR/AEMS
Doutor em Psicologia pela PUCCAMP

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