quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Alta do dólar e emissão de títulos eleva 1,9% na dívida pública em agosto

A emissão de títulos e a alta do dólar fizeram com que a Dívida Pública Federal (DPF) subisse 1,96% em agosto. De acordo com dados do Tesouro Nacional divulgados nesta quinta-feira, o estoque da DPF passou de R$ 1,734 trilhão em julho para R$ 1,768 trilhão no mês passado.

A dívida pública mobiliária (em títulos) interna passou de R$ 1,659 trilhão para R$ 1,692 trilhão após subir 1,9%. Isso ocorreu porque o Tesouro emitiu R$ 16,34 bilhões em títulos a mais do que resgatou. A alta também foi impulsionada pela incorporação de R$ 16,8 bilhões em taxas de juros.

A compra e venda de títulos é uma forma que o governo tem de pegar um "empréstimo" que deve ser pago com juros. Ao recolher este dinheiro, ele reduz a circulação nacional, acalma os ânimos do mercado interno, valorizando a moeda e controlando a inflação.

O reconhecimento de juros ocorre porque a correção que o Tesouro se compromete pagar aos investidores (que emprestam dinheiro para que o governo possa rolar a dívida) é incorporada gradualmente ao valor devido. No caso de um investidor que comprou um título por R$ 100 com correção de 12% ao ano, o valor recebido ao final de 20 anos será R$ 964. Essa diferença é incorporada mês a mês ao total da dívida pública.

A alta do dólar também pressionou a dívida pública externa. Segundo o Tesouro, ela subiu 1,07% após uma valorização de 1,98% da moeda norte-americana diante do real. Agosto encerrou em R$ 75,43 bilhões, contra R$ 74,64 bilhões registrados em julho. O valor continua sendo menor que em dezembro de 2010, quando o estoque estava em R$ 90,1 bilhões.

O lançamento de títulos prefixados (papéis com juros definidos antecipadamente) fez a participação desses papéis na dívida interna subir de 35,35% em julho para 35,68% em agosto.

Os títulos vinculados à taxa Selic, juros básicos da economia, caiu de 35,03% para 34,83%. Os títulos corrigidos pela inflação também tiveram queda de 30,06% para 29,86%. Esses números levam em conta as operações de swap pelo Banco Central (BC), que são operações de compra ou venda de dólar projetadas para o mercado futuro e que têm impacto na dívida pública.

A parcela vinculada ao câmbio na dívida interna ficou negativa em 0,37%. Por causa da retomada, pelo BC, das operações de swap reverso (de compra de dólar no mercado futuro), desde o início de 2011, o país deixou de ser devedor no câmbio no mercado interno e passou a credor. Essas operações, no entanto, foram interrompidas na última quarta-feira por causa da disparada do dólar nos últimos dias.

Com a taxa definida com antecedência, os títulos prefixados são preferíveis para o Tesouro Nacional porque dão maior previsibilidade à administração da dívida pública. Em contrapartida, os papéis vinculados à Selic representam mais risco porque pressionam a dívida para cima em ciclos de alta dos juros básicos.

O prazo médio da DPF caiu de 3,77 anos em julho para 3,71 anos em agosto. O Tesouro Nacional não divulga o resultado em meses, apenas em anos. A participação dos vencimentos nos próximos 12 meses aumentou de 21,79% para 23,47%. Prazos mais longos são favoráveis para o Tesouro porque dão ao governo mais tempo para planejar e executar as operações de renegociação (rolagem) da dívida pública.

Por meio da dívida pública, o governo pega emprestado recursos dos investidores para honrar compromissos. Em troca, se compromete a devolver os recursos com alguma correção, que pode ser definida com antecedência, no caso dos títulos prefixados, ou seguir a variação da taxa Selic (juros básicos), da inflação ou do câmbio.

Com informações da Agência Brasil

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