Irritado com críticas de Abreu ao esquema de jogo, técnico se reúne com o grupo durante quase duas horas e encerra princípio de crise
Por:Marcia Vieira
Rio - Apesar da vitória por 2 a 1 sobre o Duque de Caxias, o dia seguinte à estreia no Estadual foi de lavagem de roupa suja no Botafogo. As declarações do atacante Loco Abreu após o jogo, reclamando do esquema defensivo do time, irritaram o técnico Joel Santana, que não perdeu tempo. A portas fechadas, ele conversou nesta sexta-feira com os jogadores por uma hora e 50 minutos, deu um puxão de orelhas em Abreu e mostrou que tem controle sobre o grupo.
“Quando as coisas não acontecem da forma como devem, nós temos que colocar no seu devido lugar. Tomamos decisões, ouvimos os jogadores e provamos que o Botafogo tem diretriz e comando”, avisou o técnico Joel Santana, que conversou com o jogador em conjunto com o grupo para colocar um ponto final na polêmica. “Ele deu a versão dele, e eu a minha. Conversamos na frente do grupo e resolvemos o assunto”.
A reunião contou apenas com jogadores e integrantes da comissão técnica. O presidente do clube, Maurício Assumpção, e o gerente de futebol, Anderson Barros, não participaram do bate-papo.
Segundo uma pessoa ligada ao clube, desde o ano passado o comportamento de Loco Abreu já vinha incomodando os dirigentes, que conseguiram resolver vários problemas internamente, sem que eles vazassem para a imprensa.
Antes mesmo da estreia no Estadual, Abreu já mostrara um comportamento estranho no amistoso contra o Democrata. Naquele jogo, o atacante vinha jogando bem, mas mostrou muita irritação com o jovem Alex, que errava passes e chegou até a trombar com ele na área. Em vez de acalmar o garoto com sua longa experiência no futebol, Abreu preferiu intimidá-lo.
“Dentro da área a bola é minha”, gritou o uruguaio para quem quisesse ouvir.
Mas o destempero maior viria depois, acendendo o sinal de alerta na diretoria. Ao ser substituído por Herrera, ele deixou o campo com cara de poucos amigos, caminhou até o banco de reservas e jogou longe um copinho d’água.
Sem ‘colo’ para os veteranos
Polêmicas à parte, o tempo e a experiência ensinaram o técnico Joel Santana a tratar cada jogador de acordo com a sua história no futebol. Assim, sua relação com Abreu é diferente daquela que estabelece com os mais jovens.
“Loco Abreu é um cara de 34 anos, tem quatro filhos. Não posso tratá-lo como o Caio, que é um garoto. Ele já passou por duzentos clubes, tem experiência, é da seleção uruguaia. Agora, o Guilherme, o Caio e o Lucas Zen eu coloco no colo. Você acha que vou dar conselho para o Loco Abreu?”, questionou o técnico, que conta com a experiência do uruguaio para ajudar os mais jovens.
“Eu o trato muito bem. Essas atitudes acabam desgastando tudo. Falei para ele que não queremos nos prejudicar”, disse o técnico, que garantiu a presença de Abreu em campo amanhã. “Não tenho por que prejudicar o clube e nem chicotear o jogador”, lembrou.
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