Se estivéssemos em um campeonato de futebol estaríamos, de novo, na zona de rebaixamento. Essa é uma conclusão fácil de chegar ao conferir os últimos resultados do exame internacional de Avaliação de Alunos (PISA) - patrocinado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que traça, a cada três anos, um panorama mundial da educação, já comentado, recentemente, neste espaço. Estamos classificados em uma das últimas posições do ranking (53º lugar) na relação de 65 países avaliados. Na média, as escolas brasileiras receberam cartão (nota) vermelho – 4.6 para os alunos da 1ª a 4ª série e 4.0 para os alunos da 6ª a 9ª série do Ensino Fundamental.
Foi em 2000 que o Brasil participou pela primeira vez desse tipo de avaliação, ficando em último lugar entre os países participantes, e revelando naquela época que a maioria dos jovens era formada por analfabetos funcionais, ou seja, tinham capacidade de decodificar letras e palavras, sem, no entanto, compreenderem seus significados. Em 2003, permanecemos no mesmo patamar dentre os 32 países e em 2006, atingimos a quarta pior classificação em matemática, no total de 57 países. Somente em 2009, apresentamos pequenos sinais de melhora, já que obtivemos o terceiro maior crescimento da década entre todos os países participantes desde 2000.
Isso se deve a algumas ações efetivas realizadas pelo governo federal, sobretudo, ao controle de qualidade realizado por meio da criação em 2005 do Indicador de Qualidade - Índice de Desenvolvimento da Educação Básica– IDEB -, um dos pilares do Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE. Cabe, desde então, a ele atribuir uma nota para cada escola, assim como para as redes municipais e estaduais de ensino (média das notas recebidas pelas instituições). Esse índice é calculado com base na taxa de rendimento escolar (resultado do índice de aprovação e evasão da instituição), e no desempenho dos alunos no SAEB - Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica e na prova Brasil. A instituição de ensino que conseguir alcançar à média seis é considerada a que oferece uma educação de qualidade. A meta do Ministério da Educação é que o país atinja a nota 6 até 2022.
Embora as notas de todas as escolas públicas brasileiras estejam disponíveis em alguns endereços eletrônicos como: http://educarparacrescer.abril.com.br/nota-da-escola/, a divulgação desses resultados é quase totalmente sonegada ao público interessado.
Portanto, não sou eu quem afirma, é o resultado do IDEB de 2009, quem coloca a Educação do Estado de Mato Grosso do Sul na zona do rebaixamento. Os índices comprovam de forma irrefutável que o nosso sistema estadual de ensino ainda não oferece um ensino de qualidade. A média das 72 escolas estaduais avaliadas foi de 4.40. Algumas escolas consideradas tradicionais atingiram índices baixíssimos, tais como: Escola Joaquim Murtinho/3.7; Escola Lúcia Martins Coelho/2.5; Escola Maria Constança Machado/2.9; Escola Arlindo de Andrade Gomes/2.6. As escolas municipais de Campo Grande, apesar de ainda não atingir a nota mínima, conseguiram um índice médio melhor (5.28) em comparação com as médias das escolas estaduais. No universo das 81 escolas avaliadas, apenas sete escolas obtiveram o índice seis: Escola Danda Nunes/6.3; Escola José Rodrigues Benfica/6.1; Escola Prof. Arassuay Gomes da Costa/6.2; Escola Luiz Antônio de Sá Carvalho/6.3; Escola Etalívio Pereira Martins/6.0; Escola Geraldo Castelo/7.0 (maior índice) e Escola José Evangelista/6.1.
É óbvio que a educação em nosso país está precisando de profundas mudanças e que essas precisam começar em espaço local (estado e municípios). Para isso, a sociedade precisa assumir o papel de controladora dessa qualidade, cobrando dos governantes, dos dirigentes e dos professores a melhor educação para seus filhos. Não basta ficar satisfeito só porque conseguiu uma vaga na escola pública, pois, além da vaga, os alunos têm direito a uma educação de qualidade (direito Constitucional). Os pais têm o direito de entrar na escola, de saber a nota alcançada pela instituição; bem como, de conhecer a formação profissional do diretor e dos professores, de ter acesso a proposta pedagógica e de saber sobre a quantidade de alunos por turma. Precisam estar inseridos na vida escolar de seus filhos, protagonistas que são, tanto quanto os professores, da busca da tão almejada educação de qualidade
Vamos buscar soluções para jogar contra os nossos próximos adversários - declarou, recentemente, o técnico do Vasco. Precisamos inverter esse quadro o mais rápido possível porque não vencemos faz seis jogos(...). Isto porque, antes chegamos a sonhar com as primeiras colocações e agora estamos mais próximos da zona de rebaixamento”, lamentou.
Qualquer semelhança, não será mera coincidência.
Autora:Drª Ângela Maria Costa
Professora de Pedagogia da UFMS/CCHS/DED
e-mail: lamarc@terra.com.br
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