segunda-feira, 8 de novembro de 2010

MEC ameaça alunos com ação na Justiça

Eles teriam usado celular na hora da prova do Enem. Exame amarelo pode ser reaplicado. Faça seu desabafo no mural da revolta!

O vazamento de informações sobre o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) através de mensagens postadas em redes sociais na Internet levou o Ministério da Educação (MEC) a adotar uma medida extrema ontem no segundo dia de prova. O ministério ameaçou, via Twitter, processar todos os alunos que supostamente fizeram uso do miniblog para divulgar dados sobre a prova de dentro da salas onde o teste estava sendo aplicado.

Depois do primeiro dia de confusão com a inversão do cabeçalho do cartão-resposta e falhas de impressão na prova da cor amarela, o MEC admitiu ontem que poderá aplicar novo exame dias 6 e 7 de dezembro, quando será aplicado nos presídios, mas somente para quem teve problema com questões repetidas ou ausentes.Candidatos dão nota 0 para o Enem Fotos: Alexandre Vieira e Felipe O'Neill
Estudantes revoltados

No primeiro caso, o ministério prometeu corrigir de forma invertida a prova dos candidatos que informarem o erro pela Internet. Revoltados, estudantes deram nota zero para o MEC. “Eles vão ter que assumir o erro e tomar providências”, criticou Carlos Júnior, 17 anos. Como ele, os colegas Luciana Camargo, 18, Filipe Dias, 17, e Carlos Douglas, 17, esperam não ser prejudicados pela falha na impressão da prova.

“Não é a primeira vez. Ano passado, vazou o gabarito e atrasou o início das aulas. Sem contar que é dinheiro jogado fora”, disse Douglas. O grupo fez prova na Unisuam, em Bonsucesso. Mesmo com proibição de celulares, muitos burlaram a fiscalização e se vangloriavam de transmitir “ao vivo” na internet. Tiraram fotos da prova e pediam ajuda para responder às questões.

Jovens monitorados

Em Recife, um repórter entrou no banheiro com o celular e mandou mensagem de texto ao jornal em que trabalha informando o tema da redação. O Inep encaminhou o caso à Polícia Federal. Pelo Twitter, a assessoria do MEC mandou um aviso: “Alunos q (que) já ‘dançaram’ no Enem tentam tumultuar com msgs (mensagens) nas redes sociais. Estão sendo monitorados e acompanhados. Inep pode processá-los.” De acordo com o MEC, após a ameaça, as mensagens pararam. O presidente do Inep, Joaquim José Soares Neto, negou falhas de segurança: “Não tem como o fiscal ver telefone escondido”.

Faltaram algumas questões

Pelo menos 20 mil estudantes receberam o caderno de provas da cor amarela com questões faltando. “Estava cheio de erro de digitação e sem algumas perguntas”, reclamou Gustavo Paulo Gomes, 19 anos, que sonha cursar Engenharia.

Para evitar cola, havia quatro versões de prova, cada uma identificada por uma cor: azul, amarelo, branco e rosa. As questões são as mesmas, mas organizadas em ordem distinta. Como há reserva de 10% de provas, o Inep acredita que a maioria recebeu outro caderno de questões e não precisará refazer o exame. “A missão foi cumprida”, disse o presidente do Inep, Joaquim Soares Neto, que classificou o exame como “um sucesso”.

Quem se sentir lesado deve procurar o Ministério Público Federal (MPF). A recomendação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Serviço:

COMO FAZER
Descreva o problema e e anexe documentos, como o cartão de inscrição. Denúncia na Av. Nilo Peçanha 31, Centro, ou pelo site (www.prrj.mpf.gov.br). Dúvidas: 3971-9300. A Defensoria Pública da União fica na Av. Gal. Justo, 365. Telefone (21) 2517-3301 .

RECLAME
No MEC: Site: portal.mec.gov.br; Twitter: twitter.com/MEC_comunicacao#; tel. do chefe de gabinete do ministro: (61) 2022-7842

No INEP: Site: www.inep.gov.br; Twitter: twitter.com/inep_imprensa; tel. do gabinete do presidente do Inep: (61) 2022-3605

Reportagem: Cristiane Campos e Maria Luisa Barros


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