segunda-feira, 29 de novembro de 2010

A incompetência e os interesses escusos de nossos governantes I

Na semana passada, durante minha estada em Aruba, fazia especulações sobre a vida local quando me deparei com um dado que me chamou bastante a atenção: os habitantes da pequena ilha de 120.000 habitantes são pessoas de 40 nacionalidades diferentes.

Claro que isso não chamaria a atenção se fosse em um país da dimensão do Brasil, mas naquele local a população total é menor do que muitos bairros de cidades de médio porte de nosso país. A felicidade reinante entre todos os habitantes, qualquer que seja sua posição social, cultural ou financeira, é visível.

Andando por toda a ilha, desde centros comerciais a pontos turísticos, reservas e até a prisão local, não avistei um mendigo sequer. Não pude ver nenhuma pessoa desempregada e, perguntando sobre isso, a resposta era sempre a mesma: “Não existe desemprego onde se quer trabalhar”.

Motoristas de ônibus, táxis, vans, jeeps fretados para turistas, comerciantes, habitantes locais e turistas eram unânimes também em outro ponto: a total segurança do local.

Todos caminham por toda a ilha com joias, relógios, sacolas de compras, bolsas femininas e câmaras fotográficas de enorme valor sem qualquer tipo de preocupação.

Nos hoteis, qualquer que seja o setor, da camareira ao chefe de cozinha, do cozinheiro que produz uma média de 1.500 omeletes por dia aos profissionais que fazem a limpeza dos prédios, faxineiros, chama a atenção o sorriso estampado no rosto dessas pessoas.

Isso me intrigava e, pensando sobre o assunto, me lembrei de um negro simpaticíssimo que nos levou a um tour por toda a ilha. Disse ele que quinze anos atrás, quando acabou a exploração do ouro na ilha, os habitantes ficaram em uma situação lastimável, pois na ilha de formação rochosa, nascida de uma erupção vulcânica, literalmente nada se produz.

Surgiu então a idéia de transformá-la em um centro turístico, por suas belezas naturais, principalmente o mar de águas extremamente claras, comuns nas ilhas do Caribe. Em apenas quinze anos, a ilha se transformou no que é agora, com emprego para todos e muita alegria, tanto dos habitantes quanto dos turistas. As maiores redes de hoteis, shoppings, lojas de todas as grandes grifes mundiais e dos mais diversificados produtos são hoje encontrados na ilha.

De domínio holandês, como outras ilhas vizinhas, Aruba se sobressaiu, mesmo com suas dificuldades, visto que a ilha não possui sequer uma nascente de água, que é toda proveniente do mar e dessalinizada para poder ser consumida e, do vapor gerado pela dessalinização, é produzida a energia que se soma à produzida por geradores movidos a diesel e às 10 torres de geração eólica, únicas fontes de energia no local.

Mas, como me disse esse guia, a população entendeu que sua única saída seria o turismo e que agradeciam a Deus por poder atender aqueles que os visitam, que, nessa época, além dos que lá chegam de avião, há também uma média de 3 grandes navios atracados por dia, com uma média de mais 6000 turistas.

Voltando ao Brasil, concluo que, com tanta riqueza natural e, consequentemente, com muito menos dificuldades para projetos diversos, se ainda possuímos pobreza e desemprego em nosso país, não há outra explicação que não seja a incompetência e os interesses escusos de nossos governantes.
Autor:João Bosco Leal
www.joaoboscoleal.com.br

Nenhum comentário: