“Quem desmata não é representado por nós e tem que ser punido”. A afirmação é do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Famasul) e do Conselho Deliberativo do Sebrae/MS, Eduardo Riedel, durante palestra para alunos da Escola de Comando e Estado- Maior do Exército (Eceme), realizada na manhã desta sexta-feira (30), na Federação das Indústrias de MS (Fiems). A palestra teve como tema o Potencial Agroindustrial e da Pecuária - Perfil Sócio Econômico e Expectativa de Desenvolvimento do Estado e mostrou um panorama da cadeia do agribussines em Mato Grosso do Sul. Atualmente, o setor representa 16,6% do PIB do Estado.
Ao demonstrar o posicionamento das entidades representativas do homem do campo em relação ao tema preservação, Riedel salientou que há espaço para o crescimento da produção sem riscos de degradação do meio ambiente. “O país utiliza 27% de sua área para produção agropecuária. Desse total, 200 milhões de hectares são pastagens degradadas. É com o uso dessas áreas que deve ocorrer expansão de produção”, assinalou. Estima-se que Mato Grosso do Sul tem hoje uma área estimada de 9 milhões de hectares degradados. A área cultivada com soja no Estado fica em torno de 1,7 milhão de hectares.
O dirigente fez uma análise da cadeia que se forma antes da porteira, com bens de produção e serviços para a agropecuária, dentro da propriedade, com o cultivo e criação, e depois da porteira, com o processamento agroindustrial e a distribuição. “As cadeias agropecuárias são muito fortes em MS. A indústria cresceu nesses pilares”, enfatizou.
E não só a cadeia relacionada aos produtos tradicionais como soja e carne bovina. Um exemplo é o segmento de papel e celulose, que em menos de cinco anos mudou o perfil do município de Três Lagoas, na divisa com São Paulo. Com a expansão do grupo Fibria e a previsão da instalação da Eldorado para o ano que vem, o município se desenha como o maior pólo do segmento em âmbito mundial. A celulose deverá assumir o posto de principal produto exportado pelo Estado até 2014.
Ainda assim, o complexo carne representa 6% das exportações brasileiras e MS tem o terceiro maior abate do País, com 3,1 milhões de cabeças anuais. Na pauta de exportações de produtos agrícolas de MS, em primeiro lugar está o complexo soja, em segundo a carne e, em terceiro, os produtos florestais.
Ao ser questionado pelos militares sobre o conceito do produtor rural brasileiro, Riedel citou a campanha Sou Agro, veicula recentemente na mídia nacional. Diferente do Brasil, as comunidades da França e Alemanha têm conhecimento e orgulho de sua realidade agrícola a ponto de se manterem subsídios altíssimos à produção agropecuária”, enfatizou. E na linha dos subsídios, o dirigente destacou que o pleito do setor no Brasil é por um seguro rural eficiente. “Quando se fala de política agrícola, precisamos tirar da cabeça a idéia de subsídio, porque nos referimos ao seguro rural. O produtor tem condições de administrar a volatilidade de preço e as questões comerciais. O problema maior está na segurança de produção que gera grandes picos e, muitas vezes, a saída de produtores da atividade”, declarou.
Além da falta de uma política agrícola, os principais desafios do setor no Estado são logística para escoamento da produção, sanidade, qualificação do homem do campo e a insegurança jurídica causada pelas invasões de propriedades. A palestra foi ministrada para oficiais alunos da Eceme que, em sua formação da carreira militar, percorrem o País em viagem de estudos, inteirando-se das particularidades econômicas e sociais de cada região. A palestra de Riedel foi antecedida por uma apresentação do panorama industrial do Estado, realizada pela Fiems.
Fotos: Riedel falou para 26 alunos da Eceme, em Campo Grande
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