segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Transplante de células do pâncreas pode melhorar saúde de diabéticos

Pesquisadores do Núcleo de Terapia Celular Molecular (Nucel) da Universidade de São Paulo (USP) estudam uma nova técnica para evita a rejeição e aumentar a segurança em transplantes de ilhotas de Langerhans, células do pâncreas responsáveis pela produção de insulina.

O objetivo do transplante é fazer com que portadores de diabetes tipo 1, dependente de insulina, não necessitam tomar injeções da substância diariamente. A nova técnica permitirá aos médicos também, evitar a rejeição de células transplantadas e eliminar a obrigação do paciente ter que tomar remédios imunossupressores.

Mari Sogayar, coordenadora do Nucel, diz que a administração de remédios para evitar a rejeição é complicada pois, além de serem medicamentos caros, provocam efeitos colaterais indesejáveis. "Alguns deles são causadores de diabetes, outros derrubam a imunidade. Por isso, esse projeto só é usado em casos extremos, quando o paciente diabético tipo 1 não consegue controlar a glicemia só com insulina".Sogayar explica que nesses casos é preciso tomar providências ou o "paciente pode morrer".

No Brasil, cinco transplantes deste tipo já foram realizados entre 2002 e 2006.

A nova técnica encapsula as ilhotas de Lansgerhans tornando-as invisíveis ao sistema imunológico, que dessa forma não consegue atacá-las.

A coordenadora explica que "a cápsula é feita de um material extraído de algas, com uma estrutura que permite que o oxigênio entre nas células e que a insulina ultrapasse a barreira. O tecido impede ainda que o sistema imunológico destrua as ilhotas".

Testado em camundongos tornados diabéticos, o método é rápido. Consiste em introduzir uma cápsula com as ilhotas por meio de uma agulha e um cateter na região próxima ao fígado. Nos testes com os animais, a técnica reverteu a doença fazendo com que os animais permanecessem normais por um período de 200 dias, o que corresponde a mais da metade da vida. "Após 200 dias removemos as cápsulas e o animal voltou a ficar diabético", diz Sogayar.

Ela explica que a equipe pretende partir para testes em animais maiores, como porcos ou cães, e se obtiverem sucesso, pleitear a autorização junto ao Comitê de Ética para prosseguir na etapa de testes clínicos e avaliar a segurança e eficácia do processo em humanos.

"Mas para isso vamos precisar de recursos e de apoio de agentes financiadores para que tenhamos material e pessoal capacitado para dar andamento ao projeto". Mari Sogayar estima concluir o projeto em dois anos.

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