Pesquisadores do Núcleo de Terapia Celular Molecular (Nucel) da Universidade de São Paulo (USP) estudam uma nova técnica para evita a rejeição e aumentar a segurança em transplantes de ilhotas de Langerhans, células do pâncreas responsáveis pela produção de insulina.
O objetivo do transplante é fazer com que portadores de diabetes tipo 1, dependente de insulina, não necessitam tomar injeções da substância diariamente. A nova técnica permitirá aos médicos também, evitar a rejeição de células transplantadas e eliminar a obrigação do paciente ter que tomar remédios imunossupressores.
Mari Sogayar, coordenadora do Nucel, diz que a administração de remédios para evitar a rejeição é complicada pois, além de serem medicamentos caros, provocam efeitos colaterais indesejáveis. "Alguns deles são causadores de diabetes, outros derrubam a imunidade. Por isso, esse projeto só é usado em casos extremos, quando o paciente diabético tipo 1 não consegue controlar a glicemia só com insulina".Sogayar explica que nesses casos é preciso tomar providências ou o "paciente pode morrer".
No Brasil, cinco transplantes deste tipo já foram realizados entre 2002 e 2006.
A nova técnica encapsula as ilhotas de Lansgerhans tornando-as invisíveis ao sistema imunológico, que dessa forma não consegue atacá-las.
A coordenadora explica que "a cápsula é feita de um material extraído de algas, com uma estrutura que permite que o oxigênio entre nas células e que a insulina ultrapasse a barreira. O tecido impede ainda que o sistema imunológico destrua as ilhotas".
Testado em camundongos tornados diabéticos, o método é rápido. Consiste em introduzir uma cápsula com as ilhotas por meio de uma agulha e um cateter na região próxima ao fígado. Nos testes com os animais, a técnica reverteu a doença fazendo com que os animais permanecessem normais por um período de 200 dias, o que corresponde a mais da metade da vida. "Após 200 dias removemos as cápsulas e o animal voltou a ficar diabético", diz Sogayar.
Ela explica que a equipe pretende partir para testes em animais maiores, como porcos ou cães, e se obtiverem sucesso, pleitear a autorização junto ao Comitê de Ética para prosseguir na etapa de testes clínicos e avaliar a segurança e eficácia do processo em humanos.
"Mas para isso vamos precisar de recursos e de apoio de agentes financiadores para que tenhamos material e pessoal capacitado para dar andamento ao projeto". Mari Sogayar estima concluir o projeto em dois anos.
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