O presidente do Sindicato Rural de Iguatemi, Marcio Morgatto, desmentiu hoje (1), durante sessão da Assembléia Legislativa de Mato Grosso do Sul que tenha intimidado agentes da Força Nacional de Segurança Pública e da Secretaria Nacional de Articulação Social da Presidência da República no último domingo. Conforme acusações publicadas na imprensa, Margatto teria tentado impedir a atuação de comitiva da Presidência da República na inspeção de uma área em Iguatemi (MS), próximo à fronteira com o Paraguai.
Morgatto entregou ao deputado Zé Teixeira um vídeo gravado que demonstra a interlocução com a equipe nacional, quando essa inspecionava uma propriedade que, até então, não tinha registros de invasões indígenas. O vídeo demonstra que Margatto fez abordagem apenas no sentido de verificar a identidade do grupo e os motivos da inspeção e que o dirigente não tentou impedir a comitiva de realizar sua proposição.
Os deputados estaduais Mara Caseiro, Marcio Monteiro, Zé Teixeira e Eduardo Rocha falaram sobre o conflito fundiário indígena e querem esclarecimentos sobre a presença da Secretaria Nacional. “Nosso país vive um momento de insegurança jurídica. Para resolver esses conflitos, não se pode ouvir apenas um lado da questão, mas todas as entidades representativas. O que o presidente do Sindicato Rural nos mostra é a falta de preparo do nosso país para tratar disso. Se uma autoridade vem de Brasília, para promover a paz e ajudar numa situação de conflito, não deveria avisar as autoridades locais? Queremos que sejam esclarecidas quais ações e estratégias essa equipe veio fazer aqui. Para que se resolva, é preciso primeiro conhecer o problema”, afirma o deputado Zé Teixeira.
O deputado Eduardo Rocha complementa: “Precisamos repudiar esse tipo de ação. Quem quer cuidar de nossas terras, nossos índios, precisa fazer isso com responsabilidade”, diz. Para a deputada Mara Caseiro, a visita do representante do governo federal acabou piorando a situação de conflito no local. “É preciso que as autoridades federais venham aqui para sentar à mesa e discutir a questão, não ir a uma região de conflito causar mais problemas do que já existe. É nessa linha que deveriam ter agido, conversando, e não fazendo sensacionalismo”, disparou a parlamentar, que representa a região do Conesul na Assembleia Legislativa.
Relato - De acordo com relato de Morgatto, para atender a um pedido de um produtor rural da fazenda Cambará, ele foi ate o local na tarde do último domingo e pediu a identificação da comitiva que se negou e ainda o acusou de massacre aos índios da região. O prefeito da cidade, José Roberto Felippe Arcoverde, também compareceu ao local e argumentou que não tinha sido avisado oficialmente sobre a ação. “Estávamos apreensivos e só fomos buscar informação”, relata o presidente do Sindicato Rural.
Na quarta-feira, o prefeito da cidade foi a Brasília e levou o vídeo aos senadores Waldemir Moka, Delcidio do Amaral e Kátia Abreu, que é presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Em Campo Grande, Morgatto esteve na sede da Federação de Agricultura e Pecuária (Famasul), concedeu entrevista à imprensa e mostrou o vídeo aos jornalistas. “Temos mais perguntas do que repostas. Queremos saber quais os motivos dessa visita e porque as autoridades não foram avisadas”, questiona o presidente da Famasul, Eduardo Riedel. O prefeito e o presidente do Sindicato Rural querem agora uma audiência no Ministério da Justiça.
fotos: Assembléia MS e AI Famasul
Luciana Modesto/Assessora de Imprensa | Jornalista
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