A grande maioria dos líderes sindicais - políticos classistas - que conheci abandonou totalmente os interesses pelos quais lutava ao deixar a política classista para entrar na política partidária. Esses políticos classistas a que me refiro eram patronais, mas pelo que tenho observado isso ocorre em todas as categorias, sejam patronais, laborais ou de autônomos.
Procuro entender o que é que muda na cabeça de um homem em relação a seus princípios, objetivos e interesses, se este, quando passa de um setor para outro dentro da mesma sociedade, transforma tanto o seus focos, se esta permanece com os mesmos problemas.
Em determinada ocasião, quando ainda era presidente de uma entidade de classe, viajei mais de 500 km para me encontrar com um político famoso, que já havia sido também uma liderança classista de enorme expressão nacional, talvez o maior que já passou pelo país, para entregar-lhe, em mãos, e discorrer sobre uma proposta da entidade que então presidia, propondo a inclusão de 2 quilos de charque em cada cesta básica distribuída no país pelo governo federal.
Expliquei que fizemos um estudo sobre o assunto e ficou claro que essa inclusão, além de melhorar muito a alimentação da população de menor poder aquisitivo, que recebia a cesta, criaria uma infinidade de empregos e renda para outras famílias, como as que trabalham nas charqueadas, pois teriam de aumentar a produção; nos frigoríficos, que teriam que abater mais para abastecer esse novo mercado; no transporte, tanto das propriedades rurais para os frigoríficos, como dali para as charqueadas e, finalmente, para os centros de distribuição, além de aumentar consideravelmente o consumo de carne bovina, o que certamente geraria mais ganhos para os produtores e impostos para o governo.
Na ocasião, ouvi um sonoro “não”, que ele não tinha o menor interesse em promover essa nossa proposta, pois a cesta básica era um plano do governo de outro partido, que não o dele, e, portanto, não pretendia em hipótese alguma melhorar projetos de outros políticos. Para mim, na época, foi um choque, pois sua origem política classista era exatamente desse meio e, agora, como político partidário, tinha essa postura? Por quem esse deputado foi eleito? Para defender os interesses de quem? Que tipo de raciocínio é esse que leva um homem a se virar contra suas origens para defender, agora, seus próprios interesses, em detrimento de quem o criou?
Na política classista rural são muitos os exemplos como esse, mas percebo claramente que também na política classista dos trabalhadores, rurais ou urbanos, isso ocorre muito. Basta pensarmos um pouco e já nos depararemos com o nome de diversos políticos partidários que tiveram sua origem nas políticas classistas, como o nosso presidente da República e outros diversos membros de seu partido político. Os trabalhadores rurais também apoiaram a conversão de diversos de seus políticos classistas em políticos partidários, que muito rapidamente deixaram os interesses de suas origens para cuidar de outros, muitas vezes não muito dignos.
Mesmo no exterior temos diversos exemplos semelhantes, de político classista que se tornou político partidário, como Lech Walesa, do Sindicato Solidariedade, da Polônia, que, de eletricista no Estaleiro Lênin em Gdänsk, transformou-se, como político classista, em um líder reconhecido mundialmente, por se insurgir contra o comunismo, e, ao se tornar presidente da República daquele país, resultou em enorme fracasso.
A história nos mostra que o líder classista é um político nato, surgido em seu meio, que, com a política de classes, lidera os seus em busca do interesse comum àquele grupo. O político partidário é aquele eleito por diversos segmentos de uma sociedade para cuidar dos interesses gerais da mesma. Salvo raríssimas exceções, não são, nem deverão ser, a mesma pessoa.
Autor:João Bosco Leal
Procuro entender o que é que muda na cabeça de um homem em relação a seus princípios, objetivos e interesses, se este, quando passa de um setor para outro dentro da mesma sociedade, transforma tanto o seus focos, se esta permanece com os mesmos problemas.
Em determinada ocasião, quando ainda era presidente de uma entidade de classe, viajei mais de 500 km para me encontrar com um político famoso, que já havia sido também uma liderança classista de enorme expressão nacional, talvez o maior que já passou pelo país, para entregar-lhe, em mãos, e discorrer sobre uma proposta da entidade que então presidia, propondo a inclusão de 2 quilos de charque em cada cesta básica distribuída no país pelo governo federal.
Expliquei que fizemos um estudo sobre o assunto e ficou claro que essa inclusão, além de melhorar muito a alimentação da população de menor poder aquisitivo, que recebia a cesta, criaria uma infinidade de empregos e renda para outras famílias, como as que trabalham nas charqueadas, pois teriam de aumentar a produção; nos frigoríficos, que teriam que abater mais para abastecer esse novo mercado; no transporte, tanto das propriedades rurais para os frigoríficos, como dali para as charqueadas e, finalmente, para os centros de distribuição, além de aumentar consideravelmente o consumo de carne bovina, o que certamente geraria mais ganhos para os produtores e impostos para o governo.
Na ocasião, ouvi um sonoro “não”, que ele não tinha o menor interesse em promover essa nossa proposta, pois a cesta básica era um plano do governo de outro partido, que não o dele, e, portanto, não pretendia em hipótese alguma melhorar projetos de outros políticos. Para mim, na época, foi um choque, pois sua origem política classista era exatamente desse meio e, agora, como político partidário, tinha essa postura? Por quem esse deputado foi eleito? Para defender os interesses de quem? Que tipo de raciocínio é esse que leva um homem a se virar contra suas origens para defender, agora, seus próprios interesses, em detrimento de quem o criou?
Na política classista rural são muitos os exemplos como esse, mas percebo claramente que também na política classista dos trabalhadores, rurais ou urbanos, isso ocorre muito. Basta pensarmos um pouco e já nos depararemos com o nome de diversos políticos partidários que tiveram sua origem nas políticas classistas, como o nosso presidente da República e outros diversos membros de seu partido político. Os trabalhadores rurais também apoiaram a conversão de diversos de seus políticos classistas em políticos partidários, que muito rapidamente deixaram os interesses de suas origens para cuidar de outros, muitas vezes não muito dignos.
Mesmo no exterior temos diversos exemplos semelhantes, de político classista que se tornou político partidário, como Lech Walesa, do Sindicato Solidariedade, da Polônia, que, de eletricista no Estaleiro Lênin em Gdänsk, transformou-se, como político classista, em um líder reconhecido mundialmente, por se insurgir contra o comunismo, e, ao se tornar presidente da República daquele país, resultou em enorme fracasso.
A história nos mostra que o líder classista é um político nato, surgido em seu meio, que, com a política de classes, lidera os seus em busca do interesse comum àquele grupo. O político partidário é aquele eleito por diversos segmentos de uma sociedade para cuidar dos interesses gerais da mesma. Salvo raríssimas exceções, não são, nem deverão ser, a mesma pessoa.
Autor:João Bosco Leal
www.joaoboscoleal.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário