sexta-feira, 23 de julho de 2010

As extravagâncias da política externa do governo Lula

Ao ler que o Presidente Lula autorizou a criação de uma nova embaixada do Brasil em Tuvalu - e sentindo-me ignorante por não conhecer o país -, continuei a leitura em busca de respostas que satisfizessem minha curiosidade. Soube então que Tuvalu é um agrupamento de nove atóis de coral, perto da Polinésia, no oceano Pacífico, onde, desde que foi instituída a monarquia constitucional, a Rainha Elizabeth II é a chefe de Estado e quem nomeia o governador-geral. O Parlamento, composto por 15 membros, é quem indica o primeiro-ministro, que manda de fato.

A capital de Tuvalu é Funafuti, onde residem 4.500 pessoas, de uma população total de 13.000 tuvaluanos, que habita “toda” a Tuvalu. A economia é baseada na exportação da polpa seca do coco, chamada copra, e no pandano, uma planta comestível também usada em artesanato, e a renda total é complementada pelo arrendamento da bandeira nacional a navios de origens tão suspeitas quanto as atividades de seus tripulantes.

O total dessas fontes de renda mantém o PIB local por volta de US$ 15 milhões e, como em Tuvalu não há emissoras de rádio ou de televisão, quem deseja manter-se informado tem como única fonte as edições quinzenais do único jornal do lugar, que possui uma tiragem total estacionada em 500 exemplares.

Fico a me perguntar sobre os motivos que levariam qualquer país do mundo a abrir uma embaixada em Tuvalu, em busca de que tipo de conveniência, política, econômica, ou o que estaria por trás dessa atitude do governo Lula e do “grande” estrategista da política externa Celso Amorim. A resposta está na própria matéria que leio, quando esta diz que o embaixador brasileiro na Nova Zelândia recebeu a missão de garantir o endosso de Tuvalu aos devaneios brasileiros de conseguir uma vaga no Conselho de Segurança da ONU, pleiteada por Lula a mais de sete anos.

Essa também certamente é a resposta do motivo pelo qual o Brasil, no atual governo, não cria embaixadas, mas praticamente espalha verdadeiros “comitês de campanha” em qualquer país que tenha direito a voto nesse pleito, seja a Bélgica ou Tuvalu. Aí está a explicação para tanta irresponsabilidade na ampliação, em massa, das representações diplomáticas realizadas pelo Itamaraty de Celso Amorim.

Sim, porque, pelo descrito, Tuvalu é menor do que milhares de bairros, isso mesmo, bairros, de cidades brasileiras de pequeno porte. E, economicamente, que interesse o país teria em Tuvalu, que justifique a abertura de uma embaixada brasileira? Não precisamos de nada, internamente, no Brasil, onde se aplicaria melhor esse dinheiro?

O governo Lula tem perdido sucessivas eleições na sede da ONU em Nova York, e, ao que parece, quer continuar tentando para ver se, como ocorreu aqui com suas candidaturas, um dia vence. Provavelmente como troco pelas derrotas, tem se afastado dos tradicionais aliados brasileiros, tanto políticos quanto econômicos, e passou a se aproximar, cada vez mais, de aberrações políticas e comerciais como o Irã, a Venezuela e Cuba. Parece que não consegue enxergar que todos esses países juntos não possuem a população de um único estado brasileiro como São Paulo nem a economia ou população de qualquer outro estado brasileiro de médio porte econômico.

Nos últimos anos, a política externa do atual governo brasileiro só tem feito favores e concessões econômicas aos países dos “companheiros” Evo Morales da Bolívia, Fernando Lugo do Paraguai, Néstor e Cristina Kirchner da Argentina, Fidel e Raúl Castro de Cuba, e Hugo Chávez da Venezuela, além, é claro, da nova paixão pelo Irã de Mahmoud Ahmadinejad.

Ainda bem que estamos no final deste governo. Espero que o próximo presidente tenha menos ambição por se tornar um grande estadista, pois sabemos que isso não se impõe ou se compra. Ou se é ou não. E Lula não é.

Autor: João Bosco Leal
www.joaoboscoleal.com.br

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