O jogador Sócrates faleceu na madrugada deste domingo, às 4h, decorrente de um choque séptico. Aos 57 anos, o ex-ídolo corintiano deixa seis filhos. Internado desde quinta-feira à noite, o ex-atleta se sentiu mal em um jantar. Segundo boletim médico do Hospital Albert Einstein, seu quadro clínico apresentou melhora no final da tarde de ontem devido a um forte antibiótico que controlou a infecção na região intestinal.Sócrates já havia sido internado outras duas vezes nos últimos meses devido a uma hemorragia digestiva causada pelo consumo excessivo de álcool. Sua última internação havia sido em setembro, quando permaneceu 17 dias no hospital.Sócrates pode ser chamado de Doutor. Brasileiro de Belém do Pará, o corintiano é um dos maiores ídolos da Fiel torcida até os dias de hoje. Unanimidade no melhor time de todos os tempos do Corinthians, segundo a "Placar", Sócrates também ostenta um lugar entre os 125 melhores jogadores da história em eleição da Fifa.
Publicações especializadas também indicam o Doutor como um dos maiores da história entre futebolistas brasileiros. Dono de passes precisos e visão de jogo apurada, esse meio-campo foi revelado pelo Botafogo de Ribeirão Preto. Sua fama, porém, veio com a utilização do calcanhar nas jogadas. Sócrates foi completo: marcava de cabeça, era bom em faltas, chutava muito fora da área e perto do gol foi frio como poucos.
O eterno irmão de Raí fez toda a sua carreira no Corinthians, e por lá foi um dos pilares da famosa democratização do time. Na década de 70, formou um timaço ao lado de Palhinha e Casagrande. Tudo isso, porém, depois de terminar a faculdade de Medicina. Mais tarde chegou a Seleção Brasileira e disputou as Copas do Mundo de 1982, na Espanha, e 1986, no México. Fez parte da geração de ouro do futebol brasileiro ao lado de Zico, Falcão, Roberto Dinamite e Serginho Chulapa. Muitos consideram que essa seleção só esteve abaixo da era do final dos anos 60 de Didi, Pelé e Garrincha.
Depois da passagem histórica pelo Timão, Sócrates passou pela Itália (Fiorentina) e voltou para o Brasil para defender o Flamengo. Foi para o Santos e encerrou a carreira na Inglaterra. Sua fama, porém, se enraizou no futebol brasileiro no Corinthians. Por lá, encabeçou debates sobre o bem-estar dos jogadores de futebol e foi o pilar da Democratização Corintiana, que assegurou aos jogadores mais liberdade e influência nas decisões do clube.
Fora o papel dentro dos campos, Sócrates sempre foi muito ligado a questões políticas e sociais. Participou decisivamente pela campanha das Diretas Já depois da Ditadura Militar e mantinha uma coluna como defensor de uma visão utópica de sociedade e futebol na revista "Carta Capital". Também era membro do programa "Cartão Verde", da TV Cultura, ao lado de dinossauros do jornalismo como Xico Sá, que escreveu sobre o amigo no começo deste domingo.
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