Agência Estado, de Brasília
Pesquisa feita pelo Ministério da Saúde mostra que 23% da população tem hipertensão, doença crônica, que se não for tratada, pode levar ao derrame, insuficiência renal ou problemas cardiovasculares. O trabalho mostra que os índices estão estáveis no País, quando comparado com 2006, mas nitidamente com ocorrência maior entre as pessoas com menos escolaridade.
O fosso fica evidente no grupo feminino: o índice da doença entre as menos escolarizadas é duas vezes e meio maior do que entre as mulheres que passaram mais tempo na escola. Entre aquelas com até oito anos de estudo, 34,8% dizem ter pressão alta. Entre as com 12 anos ou mais de escolaridade, 13,5% revelam ter a doença. No grupo masculino, o fenômeno se repete. Entre aqueles que apresentam até oito anos de estudo, 30% dizem ser hipertensos. Já entre os que estudaram 12 anos ou mais, o percentual é de 16,2%. A pesquisa, feita com base em entrevistas por telefone com 54.339 adultos, nas 26 capitais e no Distrito Federal, está em sua quarta edição. Em 2006, primeiro ano avaliado, a diferença entre grupos também existia, mas em menor proporção.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, atribui a diferença entre os grupos ao acesso à informação. “Engana-se quem acredita que hipertensão é doença de rico”, afirmou. Diante dos números, ele diz ser necessário reforçar as medidas preventivas, como ênfase na necessidade de as pessoas adotarem uma dieta mais equilibrada e o incentivo à prática de exercícios físicos. Uma das estratégias do ministério é auxiliar municípios na criação de infraestruturas para atividade física. A expectativa, de acordo com Padilha, é de que até o fim do ano 100 unidades desse tipo sejam criadas.
Menor
A pesquisa mostra que o menor índice de hipertensão está em Palmas (TO), onde 13,8% da população se diz hipertensa. O maior percentual foi registrado no Rio: 29,2% se declararam com a doença. Belo Horizonte apresentou percentual de 25,1% e Recife, de 23,6%. Em São Paulo, 22,9% dos ouvidos disseram ser hipertensos. Para o ministério, a diferença entre os Estados está ligada principalmente à idade da população. Onde há mais pessoas com idade acima de 60 anos, maior o indicador. “No Rio, há maior concentração de pessoas com idade mais elevada, sobretudo, entre o grupo feminino”, afirmou o ministro.
Os números gerais também mostram essa diferença. A doença atinge 8% da população com idade entre 18 e 24 anos, ouvida na pesquisa. Entre aqueles com 55 anos ou mais, 50% apresentam o problema. As diferenças são notadas ainda entre o grupo masculino e o feminino. O índice de hipertensão é maior entre mulheres (34,8%) do que em homens (20,7%). Em São Paulo a tendência se manteve: 19,7% dos homens e 25,8% das mulheres disseram ter a doença. Para Otaliba Libânio, diretor do Departamento de Análise de Situação de Saúde do ministério, a diferença nos percentuais não é provocada por maior risco de mulheres de desenvolver a doença, mas pelo melhor diagnóstico. “Mulheres vão mais ao médico”, disse.
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