Tricampeão brasileiro pelo São Paulo, Muricy Ramalho era admirado por sua eficiência em pontos corridos, mas acabou muitas vezes questionado (inclusive nos bastidores do Morumbi) por seus insucessos em mata-matas. Já Paulo César Carpegiani tinha tudo para se firmar no Tricolor em sua primeira passagem, em 1999. Porém, deixou o clube depois de ter sido eliminado nas semifinais de Paulistão e Brasileirão, ambas contra o Corinthians.
Agora, o Estadual é uma grande chance para os dois profissionais. Na tarde deste sábado, às 16 horas, no Morumbi, o santista Muricy e o são-paulino Carpegiani lutam por uma vaga na decisão do Paulista. Só um deles pode ficar mais perto de espantar o fantasma em jogos decisivos.
"Nós fomos eliminados na semifinal (de 1999), e o que marca a passagem de um treinador no clube são os títulos. Só um ganha, e espero marcar agora com títulos, não tenho como falar diferente", pondera o comandante são-paulino.
Do outro lado, a pressão sobre Muricy era tão grande no São Paulo que chegou a receber o apelido de "rei do morre-morre" por alguns setores descontentes de torcedores, tanto é que acabou demitido depois de sua terceira eliminação seguida pelo clube na Libertadores.
O assunto retrospecto em mata-matas incomoda o técnico santista, que vê um exagero em apontá-lo como um treinador vencedor somente em campeonatos de pontos corridos.
"Esse é um grande problema. Quando me perguntam isso deveriam pegar o meu histórico e ver que a maioria dos meus títulos foi em mata-mata. Copa Conmebol, Campeonato Gaúcho, Pernambucano, teve até o Paulistão em 2004, com o São Caetano. Mas eu tenho que responder sempre a mesma porcaria, porque não ganhei a Libertadores", disparou.
Segundo Muricy, confrontos de mata-mata são mais difíceis de serem vencidos porque nem sempre a melhor equipe ganha, ao contrário do que acontece nos campeonatos de pontos corridos.
"O que as pessoas não entendem é que o Brasileirão é muito mais difícil de ser vencido do que a Libertadores. Ninguém repete título no mata-mata. Não há um especialista, porque o que pesa nesse tipo de duelo é o imponderável. Às vezes, você monta o time certinho, joga bem, só que a bola não entra. Daí, o cara acerta uma pancada de fora da área, faz o gol e acabou o jogo", comentou.
Carpegiani, por sua vez, tem consciência também de que o julgamento do próprio time será muito influenciado pelo destino do Tricolor no Estadual e também na Copa do Brasil. "Time confiável é aquele que ganha. Estamos tendo uma sequência de vitórias e isso é importante. Mas futebol é resultado. Quando o Barcelona perdeu uma partida e empatou outra, já teve suspeita. Time que ganha passa a ser confiável".
Independentemente do destino de cada equipe, o clássico será especial também por marcar o reencontro de Muricy com o São Paulo, o primeiro em um mata-mata.
"É sempre legal reencontrar as pessoas que ficaram por lá. Vamos rever os amigos, os funcionários antigos do clube, o que é algo muito bom. A expectativa é ótima para esse jogo. Eu já voltei lá muitas vezes desde quando saí do São Paulo, mas, realmente, é a primeira em mata-mata. Temos que ganhar. Vencer no Estadual na maior parte das vezes não é tão valorizado, mas se você perde a cobrança é muito grande", afirmou.
Um dos atletas comandados por Muricy na época do Tricolor, Ilsinho elogiou o antigo chefe e comparou ao estilo de mais diálogo do atual técnico são-paulino.
"O Muricy cobra bastante e tem aquele jeito dele, só fala bom dia, boa tarde e boa noite. Ele sabe das nossas características e vai tentar dificultar ao máximo. O Paulo também fica nervoso e cobra bastante, mas tem um estilo mais tranquilo. Ele tenta ir mais para a conversa fora do campo, são dois estilos completamente diferentes", finalizou.
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