Darlan Alvarenga
Do G1, em São Paulo
Está internado na Santa Casa do Pará o recém-nascido encontrado dentro de uma sacola plástica, depois de ser jogado por cima de um muro de quase dois metros de altura, no quintal de uma casa na periferia de Belém, no dia de Natal.
Segundo a assessoria de imprensa do hospital, o bebê está na Unidade de Cuidados Intermediários (UCI) e o estado de saúde é estável. A criança deve ficar em observação tomando antibióticos nos próximos 13 dias, até a confirmação da identidade e do estado de saúde da mãe, que também está internada e passa por acompanhamento psicológico.
Segundo o Conselho Tutelar, a jovem, de 20 anos, admitiu que é a mãe do recém-nascido. "Ela falou que está arrependida, que fez o parto sozinha e o que a motivou a jogar a criança foi a pressão da mãe, que mora no interior do Maranhão, para ela não engravidar", afirma o conselheiro Abner Lopes.
No relato aos conselheiros, a jovem contou que o bebê nasceu por volta das 20h30 do dia 24, que colocou o recém-nascido dentro de um saco de supermercado, subiu no muro e "soltou a criança" no quintal do vizinho. "De início, ela negou, mas depois que encontramos na casa dela uma bermuda e um lençol com sangue e restos de placenta, ela admitiu a gravidez e disse que escondeu da família porque estava com medo da reação da mãe", afirma Lopes.
Segundo o conselheiro, ela saiu do Maranhão para trabalhar como babá da filha da tia com quem morava há cerca de um ano.
A criança foi encontrada às 8h30 do dia 25 por um vizinho que ouviu o choro do recém-nascido e acionou o Serviço Móvel de Urgência e Emergência (Samu). O bebê é do sexo masculino, chegou ao hospital pesando 2,2 kg e apresentando escoriações e hematomas no rosto e na perna.
A Polícia Civil pretende ouvir a jovem ainda nesta segunda-feira. Segundo o delegado Glauco Nascimento, ela deve responder por abandono de incapaz, lesão corporal e, eventualmente, até por tentativa de homicídio. "As circuntâncias foram graves. O bebê foi deixado dentro de uma sacola plástica, o que dificultava a respiração e poderia ter provocado um infanticídio", afirma.
Até a avaliação do estado de saúde da mãe e definição da Justiça sobre a guarda, o bebê ficará sob a responsabilidade do Conselho Tutelar.
"A criança agora vai ficar sob a proteção do Estado até que seja aprofundada a avaliação psicológica da mãe. A prioridade é sempre o retorno ao ambiente familiar, mas é o Juizado da Infância quem vai decidir isso', explica Lopes.
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