“Esse problema já existe há alguns anos, mas vem aumentando significativamente. Isso é muito grave, estou preocupado.” A declaração é do assessor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), Lucas Galvan, sobre os problemas que os pecuaristas sul-mato-grossenses estão enfrentando com a infestação do Percevejo Castanho nas pastagens. O alerta, feito na semana passada pelo assessor, trouxe a tona os debates sobre os prejuízos causados pela incidência da praga nos municípios do norte do Estado, como Pedro Gomes, Coxim e também no Pantanal.
Segundo o presidente do Sindicato Rural de Pedro Gomes, José Roberto Scalabrini, mais de 50% das pastagens da região já podem ter sido afetadas pela praga. O problema atinge também outro elo da cadeia da carne. De acordo com Scalabrini, a oferta de gado magro na região já está aumentando devido à dificuldade em alimentar os animais no período da seca em uma pastagem prejudicada pela praga. “Com pouca chuva e umidade do solo, a planta não consegue reagir com o inseto em sua raiz e o gado sobre ela. Se não temos pastagem suficiente para engordar o gado, o jeito é vender e com isso o preço da arroba deve continuar alto”, apontou.
De acordo com Lucas Galvan, o Percevejo Castanho costuma atacar principalmente lavouras, no entanto, o combate à praga nessas áreas é mais fácil devido à aplicação regular de inseticidas, o que acaba eliminando o inseto. “Nas pastagens o trabalho de combate é mais complicado, exigindo a reforma da área associada à aplicação preventiva de inseticidas, o que implica em alto custo para o pecuarista. Teve produtor que adquiriu financiamento para renovação de pastagem e o inseto comeu tudo”, lamenta o especialista.
Para Lucas Galvan, há a necessidade de um debate que envolva os órgãos governamentais ligados ao setor agropecuário. “É necessária uma política governamental de incentivo e crédito para esse produtor prejudicado. A semente de pastagem subiu de R$5 no ano passado para em média R$16 esse ano, isso inviabiliza as condições de reforma de pastagem”, assinala. Segundo ele, se não houver um combate mais eficiente dessa praga, a incidência do Percevejo pode atingir outras regiões de pecuária do Estado.
Na semana passada uma equipe de técnicos da Famasul juntamente com pesquisadores da Embrapa e da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer) esteve na região para averiguar a situação. O objetivo é fazer um levantamento sobre a real incidência da praga nas áreas afetadas, visando buscar soluções mais eficazes no combate ao Percevejo Castanho.
A fim de esclarecer sobre a ocorrência do Percevejo Castanho em Pastagens, em maio de 1996, a Embrapa Gado de Corte publicou uma nota técnica na qual alertava sobre a gravidade do problema no futuro. “Não se sabe se o que se constata hoje em dia é algo que persistirá por longo tempo ou não. Admite-se, no entanto, que, pelos recentes registros de ataque, o processo de infestação está ainda em expansão”, concluiu a nota.
Por:Graziela Reis/Jornalista
DRT/MS 748
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