O Ministério Público Federal no Rio de Janeiro entrou com ação civil pública por improbidade administrativa contra os ex-governadores do Rio de Janeiro Anthony Garotinho e Rosinha Matheus e outras 17 pessoas que participaram de um esquema que desviava verbas públicas em favor de campanhas eleitorais do casal Garotinho. Dentre os réus, há funcionários e dirigentes da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) e das empresas sem fins lucrativos Fundação Escola de Serviço Público (Fesp/RJ) e Instituto Nacional para Aperfeiçoamento da Administração Pública (Inaap).
Até 2003, a CPRM utilizava serviços técnicos de informática da Fundação Data Brasil, mas o contrato foi suspenso pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Alegando não poder interromper as atividades, a CPRM solicitou, no final de dezembro, propostas comerciais para a celebração de um contrato emergencial, com dispensa de licitação. Três entidades apresentaram propostas: Fesp, Inep e Embrapa (as duas primeiras ligadas ao esquema de fraude das ONGs no Governo Garotinho).
No início de janeiro de 2004, a CPRM firmou contrato com a vencedora Fesp por R$ 780 mil, que prestava apenas serviços de recrutamento e treinamento de pessoal, e não de suportes de apoio logístico, operacional administrativo/técnico, conforme o próprio Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro apontou. Segundo a ação, a Fesp é vinculada ao Estado do Rio de Janeiro, governado na época por Rosinha Matheus.
Três dias depois de fechar o contrato com a CPRM, alegando carência de pessoal, a Fesp subcontratou o Inaap, por R$ 757 mil para implementar os serviços. Além de ter sido feita sem licitação, a própria subcontratação é vedada pela Lei de Licitações nestes casos, não existindo qualquer cláusula entre a CPRM e a Fesp que preveja essa hipótese.
A investigação do MPF verificou também que o serviço não foi realizado efetivamente e que o presidente do Inaap, Nildo Jorge Nogueira, doou R$ 200 mil para a campanha de Garotinho à Presidência em 2006, através da empresa Emprin (Empresa de Projetos de Informática), da qual é sócio.
Pela improbidade administrativa, o casal Garotinho e os outros réus podem perder os direitos políticos por até dez anos e serem obrigados a ressarcir o dano causado aos cofres públicos, além de outras penas como perda da função pública e proibição de contratar com o poder público. Atualmente, Garotinho é deputado federal pelo PR, enquanto Rosinha é prefeita de Campos pelo mesmo partido.
* Com informações da assessoria da Procuradoria da República no Rio de Janeiro.
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