Há quase trinta anos, logo que aqui cheguei, conheci um sábio. Era impressionante como se interessava por todos os assuntos. E perguntava sobre tudo.
Em política, apesar de nunca haver se envolvido, fazia questão de sempre ter alguém de confiança em cargos de seu interesse, motivo pelo qual ajudava essa pessoa a galgar a posição, e depois a mantê-la. Em economia, inventava novos negócios o tempo todo. Investia em vários setores, urbanos e rurais, e parecia possuir uma gana infindável por investir os ganhos sempre no local onde morava, fazendo com isso, como dizia, o dinheiro circular naquela sociedade. Dizia que o dinheiro tinha que estar sempre circulando, gerando riquezas em todas as mãos.
Em tecnologia, dava banho em todos os jovens que dele se aproximavam, fazendo com que todos o ouvissem. Debatia, cobrava explicações e aí tocava em frente, adorando ensinar, a quem quisesse, tudo o que aprendia. O entusiasmo por novas experiências era contagiante e com facilidade contaminava todos ao seu redor. Exigente, cobrava o cumprimento fiel de qualquer tipo de compromisso, até do horário. Criava muitos conflitos, seja com sua equipe ou com seus ouvintes, o que, em várias oportunidades, gerava críticas de pessoas que entendiam ser difícil com ele trabalhar ou conviver.
Ria quando outros, principalmente os muito próximos, não acreditavam em alguma nova tecnologia que estava seguindo, principalmente a genética reprodutiva bovina. Pessoas muito jovens ou que, como ele, eram de outra época, também grandes especialistas naquilo que faziam, mas que não acompanharam algumas evoluções científicas que, em busca de produtividade, faziam diversas experiências, como cruzamentos chamados industriais, estudos dos métodos de transmissões genéticas e outras possibilidades para a modernização da produtividade e da precocidade bovina.
Ao conseguir o sucesso desejado com qualquer dessas experiências, principalmente o financeiro, gostava de comentar com os incrédulos o resultado obtido, sabendo havê-los deixado morrendo de ódio, mas ao mesmo tempo tentando fazê-los acreditar. Talvez uma de suas brincadeiras prediletas fosse fazer isso com um irmão, que adorava, mas para quem a genética vinha da seleção natural, de anos de trabalho na escolha visual dos melhores reprodutores, da exclusão dos piores animais, machos ou fêmeas, e da prática de quem fazia a seleção, desacreditando daquela seleção realizada matematicamente, com o estudo dos números obtidos na produção.
Com esse investimento em novas tecnologias de genética reprodutiva bovina e o sucesso alcançado, esparramou o seu nome e o de seus produtos por todo o país, de norte a sul, agregando cada vez mais valor aos mesmos, mas continuava perguntando, cada vez mais. Aí estava sua sabedoria, a humildade de perguntar, mesmo sabendo a resposta, ou perguntando o que realmente não sabia. Mas perguntava sempre e muito. Ouvia sempre outra opinião.
Dizia muito que ao realizarmos algo, mesmo não o realizando de modo perfeito, tínhamos feito algo. Que o importante era “fazer acontecer”, e não a perfeição do modo como foi feito.
Eu sempre soube que os nossos idosos têm muito a nos ensinar, apesar da resistência de muitos jovens em aproveitar esse fato, imaginando sempre o contrário. Sempre soube que o sábio ouve os mais velhos, pois aprenderá com estes a experiência sobre o que já viveram, e que ele nunca poderá viver, o passado.
Com esse sábio aprendi que quem possui a humildade de perguntar, seja para jovens ou para idosos, aprende ainda mais, e chega mais longe. Com os anos estou aprendendo, cada vez mais, que o sábio pergunta, o que é muito mais do que simplesmente ouvir.
João Bosco Leal
www.joaoboscoleal.com.br
Em política, apesar de nunca haver se envolvido, fazia questão de sempre ter alguém de confiança em cargos de seu interesse, motivo pelo qual ajudava essa pessoa a galgar a posição, e depois a mantê-la. Em economia, inventava novos negócios o tempo todo. Investia em vários setores, urbanos e rurais, e parecia possuir uma gana infindável por investir os ganhos sempre no local onde morava, fazendo com isso, como dizia, o dinheiro circular naquela sociedade. Dizia que o dinheiro tinha que estar sempre circulando, gerando riquezas em todas as mãos.
Em tecnologia, dava banho em todos os jovens que dele se aproximavam, fazendo com que todos o ouvissem. Debatia, cobrava explicações e aí tocava em frente, adorando ensinar, a quem quisesse, tudo o que aprendia. O entusiasmo por novas experiências era contagiante e com facilidade contaminava todos ao seu redor. Exigente, cobrava o cumprimento fiel de qualquer tipo de compromisso, até do horário. Criava muitos conflitos, seja com sua equipe ou com seus ouvintes, o que, em várias oportunidades, gerava críticas de pessoas que entendiam ser difícil com ele trabalhar ou conviver.
Ria quando outros, principalmente os muito próximos, não acreditavam em alguma nova tecnologia que estava seguindo, principalmente a genética reprodutiva bovina. Pessoas muito jovens ou que, como ele, eram de outra época, também grandes especialistas naquilo que faziam, mas que não acompanharam algumas evoluções científicas que, em busca de produtividade, faziam diversas experiências, como cruzamentos chamados industriais, estudos dos métodos de transmissões genéticas e outras possibilidades para a modernização da produtividade e da precocidade bovina.
Ao conseguir o sucesso desejado com qualquer dessas experiências, principalmente o financeiro, gostava de comentar com os incrédulos o resultado obtido, sabendo havê-los deixado morrendo de ódio, mas ao mesmo tempo tentando fazê-los acreditar. Talvez uma de suas brincadeiras prediletas fosse fazer isso com um irmão, que adorava, mas para quem a genética vinha da seleção natural, de anos de trabalho na escolha visual dos melhores reprodutores, da exclusão dos piores animais, machos ou fêmeas, e da prática de quem fazia a seleção, desacreditando daquela seleção realizada matematicamente, com o estudo dos números obtidos na produção.
Com esse investimento em novas tecnologias de genética reprodutiva bovina e o sucesso alcançado, esparramou o seu nome e o de seus produtos por todo o país, de norte a sul, agregando cada vez mais valor aos mesmos, mas continuava perguntando, cada vez mais. Aí estava sua sabedoria, a humildade de perguntar, mesmo sabendo a resposta, ou perguntando o que realmente não sabia. Mas perguntava sempre e muito. Ouvia sempre outra opinião.
Dizia muito que ao realizarmos algo, mesmo não o realizando de modo perfeito, tínhamos feito algo. Que o importante era “fazer acontecer”, e não a perfeição do modo como foi feito.
Eu sempre soube que os nossos idosos têm muito a nos ensinar, apesar da resistência de muitos jovens em aproveitar esse fato, imaginando sempre o contrário. Sempre soube que o sábio ouve os mais velhos, pois aprenderá com estes a experiência sobre o que já viveram, e que ele nunca poderá viver, o passado.
Com esse sábio aprendi que quem possui a humildade de perguntar, seja para jovens ou para idosos, aprende ainda mais, e chega mais longe. Com os anos estou aprendendo, cada vez mais, que o sábio pergunta, o que é muito mais do que simplesmente ouvir.
João Bosco Leal
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