Autor: João Bosco Leal
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Desde o nascimento passamos por sensações, sentimentos e descobertas diferentes de outras pessoas. Cada um, ao abrir seus olhos pela primeira vez, enxerga uma pessoa diferente, numa sala com mais ou menos luz, ouvindo vozes diferentes do que sempre ouviu.
O primeiro toque sentido por nossa pele é realizado por mãos e em locais diferentes do corpo de cada criança que nasce. Somos erguidos de ponta cabeça e recebemos um tapa com velocidade e intensidade distintas, dependendo da força muscular de quem nos pega e de nosso peso.
A água com que nos dão o primeiro banho pode estar em temperaturas diversas e sua aplicação pode ser iniciada em locais distintos do nosso corpo. A mão que a espalha para nos limpar é aplicada com intensidade diferente em cada um. Somos embalados por tecidos delicados ou ásperos, grossos ou finos, coloridos ou brancos.
Todas essas sensações, dos primeiros minutos de nossas vidas, nunca são iguais e vão deixando marcas, sentimentos de sustos, medos, alegrias, tristezas, carências e saciedades que aos poucos e por décadas construirão nossa personalidade, nosso humor, enfim, nossa história.
Os primeiros anos de vida são marcados por descobrimentos em todos os nossos sentidos e começamos a perceber algo que será muito importante na vida, os limites. Tomamos conhecimento de que o mundo e tudo o que nele existe não é nosso, mas de todos e algumas coisas são de alguns e outras de propriedade individual, indivisível.
A educação dada pelos pais é fundamental nesses primeiros anos para que possamos entender que vivemos em uma sociedade que compartilha desse ou daquele regime político e econômico, para não sentirmos falta daquilo que não nos pertence, mas que, em um regime capitalista como o nosso, busquemos, com trabalho, possuir o que desejamos e ainda não possuímos.
Na juventude as competições esportivas ou por melhores notas, pelas jovens ou rapazes mais bonitos, vão nos ensinando, sem a participação dos pais, o caminho para obtenções e realizações de desejos. É nessa fase que começam a surgir as maiores diferenças, entre aqueles que sozinhos obtém seus primeiros resultados posivivos e os outros.
Entre os que foram derrotados num primeiro momento, podem ocorrer situações diferentes, como ser incentivados por seus pais para lutarem mais, se prepararem melhor e vencerem na próxima disputa ou simplesmente serem consolados em casa e seus pais compensando a perda com um doce ou um brinquedo que desejavam.
Começam a surgir os jovens com auto-confiança pois venceram, os que aprendem que precisam treinar e se empenhar mais para obterem conquistas na vida e aqueles sem ambição alguma pois foram acostumados a receberem recompensas mesmo quando perdem.
Os pais desses últimos ao consolá-los e premiá-los de outra forma, não incentivando o preparo e a busca por vitórias em outras oportunidades que surgirão, estão, na realidade, prejudicando todo o futuro de seus filhos. Esses filhos não aprendem a lutar pelo que desejam pois foram criados por pais que não se lembram que, pela ordem natural da vida vão morrer antes deles e como os mantiveram superprotegidos, não estarão preparados para a vida adulta.
Muitas pessoas perderam seus pais ainda muito jovens. Não tiveram nenhum tipo de consolo ou carinho em suas derrotas e nem por isso deixaram de ter oportunidades de vencer, tanto em uma próxima disputa como na vida. Aliás, pessoas com algumas dificuldades logo percebem que se não lutarem mais que os que não as possuem acabarão ficando sempre para trás, lutam bastante e normalmente acabam vencendo.
Essa moldagem diária da vida vai tornando cada ser humano diferente dos outros por todos esses motivos e ele não pode ser culpado pelo que se tornou, pois é uma consequência de uma série de fatores e acontecimentos, sentimentos, alegrias, tristezas, vitórias e derrotas que vão nos imprimindo marcas, produzindo pessoas mais ou menos trabalhadores, despreparados, competentes, cultas, perdedoras ou vitoriosas.
Cada pessoa possui uma história, uma razão que, se analisada, justificará o motivo pela qual ela se tornou o que é e só entendendo isso, aceitando-as como são, poderemos conviver melhor com o próximo.
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