Animais mudam a rotina da gente. Lembro-me de uma crônica do escritor gaúcho Fabrício Carpinejar que falava sobre exatamente isso e mais: ter um cachorro te obriga a ser uma pessoa sociável. E concordo.
Desde que passei a caminhar com a Baby no antigo condomínio em que morávamos era impressionante a quantidade de pessoas que se aproximavam. Seja para dizer que ela é bonita ou para contar alguma coisa do gênero: “Ah eu tinha uma poodle igual à tua”.
Em situações de rotina eu nunca conversaria com tanta gente assim, mas quando você caminha tranquilamente na sua região com um cachorro eu te garanto que o mínimo que você consegue ganhar é um sorriso. É uma relação em que todos ganham: eu dou uma volta no quarteirão para dar uma relaxada, a Baby também porque ela vive em apartamento e alguém na rua acaba se comovendo e sorrindo também porque de certa forma lembra do seu bichinho de estimação.
Ter um animal te faz mudar de planos. Ele é incluído até no orçamento financeiro, afinal, é preciso comprar a ração, pagar os banhos do pet shop e suas vacinas. Se você precisa viajar, não tem mais aquela liberdade de ir na hora em que quiser, é preciso se programar, checar alguém para ficar com ele ou procurar um hotelzinho.
Não minto que pessoalmente também tenho minhas limitações. Quando saio do trabalho e preciso passar em algum lugar antes, tento fazer o mais rápido que posso porque minha cachorra entende o horário em que chego. E se não estou em casa até de noite sei que quando eu colocar a chave na porta ela vai latir muito e todas as almofadas do sofá estarão no chão como sinal de protesto.
E os bichinhos são assim. Até eles mesmos não gostam de rotina. Precisam da nossa presença pra melhorar a rotina deles e vice versa. Que bom. Assim nossas vidas têm valor. Uns para os outros.
Nandra Laura
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