sexta-feira, 10 de junho de 2011

CINEMA:"Qualquer Gato Vira-Lata" - Uma decepcionante comédia romântica

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Cleo Pires é a mocinha de "Qualquer Gato Vira-Lata"

Todo mundo tem uma amiga que, sabe Deus por qual motivo, gosta de um cafajeste. Ou, mesmo que o camarada nem seja tão ruim assim, ela é completamente apaixonada por um cara que só não dá bola para ela. Mas ela é louca, alucinada, insanamente apaixonada pelo sujeito. Bem, segundo o filme (e a peça original) “Qualquer Gato Vira-Lata”, é tudo uma questão evolutivo-biológica.


Na trama, Tati, papel de Cleo Pires, não consegue tirar Marcelo, interpretado por Dudu Azevedo, da cabeça. No último fora que levou de Marcelo, Tati acaba em uma palestra que está sendo ministrada por Conrado, feito por Malvino Salvador. Ele é um biólogo que acredita que o feminismo e a monogamia vão contra os imperativos biológicos naturais. Afinal, para a maioria das espécies o macho possui diversas parceiras.Por conta dessa palestra, Tati acaba convencendo Conrado de que ela personifica sua tese. Dessa forma, com Conrado fazendo o acompanhamento do caso de Tati (e a aconselhando no passo a passo), ele teria uma prova substancial para conseguir que seu editor publique seu livro sobre o assunto. O resultado é o desenvolvimento de um triângulo amoroso, como seria de se esperar de uma típica comédia romântica.

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Eles nem desconfiam de como vai acabar o filme



Fora o machismo patente do argumento e tirando a questão de que qualquer um que já tenha participado de um processo de pesquisa acadêmica saiba que não é assim que se desenvolve uma tese, o filme até que não parte de uma premissa ruim. Os problemas estão no desenvolvimento dessa premissa.Começando com os atores. Dos três principais, apenas Salvador parece ter alguma noção do que está acontecendo em cena. E ainda assim é bem difícil se convencer que o cara, que é um ex-modelo e galã de novela, é algum tipo de professor nerd e fracassado. Mas seu trabalho de corpo, com os braços constantemente para baixo e ombros encolhidos, ajuda um pouco.Cleo Pires, talvez por ainda ser muito crua para sustentar um filme inteiro nas costas, aparece completamente careteira, em uma sucessão de caras e bocas absolutamente exageradas e desnecessárias. Suas melhores cenas envolvem o fato dela estar bêbada e com as pernas de fora.

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Na foto, uma bananeira.



O elenco de apoio acrescenta pouquíssimo ao desenvolvimento da trama (isso para não falar de Dudu, que poderia facilmente ser trocado por um coqueiro, em cena). Há uma participação, por exemplo, de Gregório Duvivier que chega a dar vergonha. Durante a palestra de Conrado, no início do filme, ele ri como uma hiena de cada uma de suas afirmações. E é isso. Depois desaparece da trama, nos fazendo questionar por que diabos ele precisava aparecer no filme.Exemplos como esse são incontáveis ao longo da projeção. Depois de uma festa na casa de Marcelo, vemos a faxineira tomar os restos de bebida alcoólica espalhados pelo ambiente. Com um pouco de fé cinematográfica, dá até para pensar que é uma referência a “Um Convidado Trapalhão”, de Blake Edwards, com o genial Peter Sellers. Mas como a cena não traz consequência alguma para a trama, não chegamos nem a entender por que ela está lá, para começo de conversa.A falta de química e domínio do texto comprometem um filme que até começa bem. A cena inicial, com Tati se arrumando para a festa de aniversário de Marcelo e divagando com as dicas de revistas femininas sobre como deveria se vestir é excelente. Mas a edição preguiçosa, deixando o filme arrastado, e a histeria dos atores compromentem completamente a projeção.Confira o trailer de “Quarquer Gato Vira-Lata”:

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