Filhos de portadores de hanseníase que foram separados dos pais ainda criança iniciaram ontem, em Itu, a 98 km de São Paulo, uma luta para receber indenização. O primeiro encontro das vítimas do isolamento compulsório do Estado de São Paulo reuniu cerca de 500 pessoas no Centro Esportivo do Pirapitingui. O local fica ao lado do Hospital Francisco Ribeiro Arantes, que durante mais de 50 anos funcionou como um asilo-colônia para doentes de hanseníase.
Inaugurado em 1937, o hospital foi um dos maiores leprosários do País, numa época em que a doença era tratada com preconceito. Na década de 1930, chegou a ter 1,5 mil internos. Os filhos de hansenianos eram separados dos pais ainda bebês, por ordem do Estado, para evitar o risco de contaminação.
O Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan) quer que os filhos sejam indenizados pelos traumas e sofrimentos decorrentes da separação. Uma lei de 1926 tornava compulsória a internação das pessoas com sintomas da doença. Quem não se apresentava espontaneamente era caçado pelos agentes sanitários. Os filhos que não tinham com quem ficar iam para abrigos. Muitos eram bebês e não foram amamentados pela mãe, nem chegaram a conhecer os pais.
O trabalho de identificação dos filhos separados dos pais por causa da hanseníase começou há um ano. De acordo com a coordenadora do Morhan, Tereza de Oliveira, cerca de 7 mil pessoas já estão cadastradas. Com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ela acredita que, em todo o País, o número pode chegar a 30 mil.
A Secretaria Especial dos Direitos Humanos, ligada à Presidência da República, informou que será formado um grupo de trabalho para levantar dados e estudar as reivindicações. De acordo com a secretaria, a lei federal 11.520/07 já concede pensão vitalícia de R$ 730 para 6,2 mil pacientes com hanseníase. A possível indenização dos filhos é objeto de estudo na Casa Civil.
Agencia Estado
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